BOLETIM
02 de setembro de 2004.
No dia 31/08/04 ocorreu nova reunião entre o Fórum e o Cruesp para a
continuidade da discussão dos demais itens da Pauta Unificada de Reivindicações
de 2004, conforme havia sido acordado na última reunião em que se discutiu a
reposição de perdas salariais. Nesta reunião participou da mesa de negociação
a representação do movimento estudantil das três Universidades e foram
debatidos os seguintes temas: Reforma Universitária, Assistência Estudantil e
Expansão de Vagas (contratação de professores e funcionários). A reunião
iniciou por volta das 16h e 30 min e encerrou às 23h. Amplo debate ocorreu
sobre os temas, porém, não conseguimos discutir todos os itens da pauta. A
seguir relatamos o debate e as deliberações acordadas na reunião.
1)
REFORMA UNIVERSITÁRIA:
Conforme apresentado pelo presidente do Cruesp na primeira
reunião de negociação, parece existir concordância quanto à rejeição do
projeto de Reforma Universitária proposta pelo Governo Federal. Porém, foi
ressaltado naquele momento que, possivelmente, poderíamos ter ações e táticas
diferenciadas para resistir à implantação do projeto.
Com isso, questionamos:
Qual é a posição do Cruesp frente a
proposta da Reforma Universitária e os projetos de lei encaminhados pelo
Governo? Como os reitores se posicionarão frente:
a)
PROUNI;
b)
Sistemas de Cotas – Projeto de Lei
530/04 – tramitando na AL de São Paulo;
c)
Sistema de avaliação;
d)
Fundações;
e)
Inovação Tecnológica;
Em linhas gerais os reitores se
posicionaram contrariamente ao projeto, principalmente em relação à destinação
de orçamento público para a iniciativa privada e pelas interferências
previstas na autonomia das universidades. Embora, em relação à Inovação
Tecnológica, o Prof. Brito considera que existem aspectos positivos. Além
disso, o Prof. Trindade apontou que a autonomia para as Universidades Federais
poderia ser um aspecto positivo bem como a criação de fundos para o
investimento. O Fórum fez intervenções demonstrando que não é possível
tratar a reforma de forma fatiada, é preciso resistir em relação ao projeto
como um todo. Houve concordância por parte dos reitores, porém necessitariam
debater ainda mais o projeto com a comunidade.
Fórum: Que ações foram realizadas ou
serão realizadas pelos reitores durante o debate e a tramitação da Reforma
Universitária?
Houve o relato de que os reitores
participaram de debates em Brasília e conversas com alguns ministros,
demonstrando a preocupação com o projeto. Entre as ações que estão
planejando inclui debates visando esclarecer à comunidade acadêmica e a população
em geral dos problemas que tal reforma pode gerar para as Universidades. Além
disso, quando da tramitação do projeto, buscarão ir a Brasília para
sensibilizar os deputados da necessidade de rever o projeto. Uma dificuldade
apontada é que o projeto de reforma está sendo encaminhado a partir de
projetos de lei e medidas provisórias separadamente, o que torna a resistência
ainda mais difícil. Portanto, os reitores apontaram para a necessidade de
intervenção no debate buscando minimizar as perdas.
Fórum: Qual o impacto desta reforma na
dinâmica das Universidades Estaduais Paulistas?
Embora o enfoque maior da reforma
universitária estaria nas Universidades Federais, as modificações que estão
sendo discutidas irão atingir, com certeza, as Universidades Paulistas.
Por exemplo, já existem projetos na Assembléia Legislativa impondo um
sistema de cotas para alunos das escolas públicas e para afrodescendentes que
fere a autonomia da Universidade em definir critérios de seleção para o
acesso às Universidades. Portanto, é necessário intervir de forma propositiva
nesta discussão, visto que existe uma aceitação da sociedade a essas
iniciativas, porém, não se discute, por exemplo, o aumento em financiamento de
políticas para permanência do estudante na Universidade, fator esse decisivo
para estudantes de baixa renda conseguir finalizar seus estudos. Além disso, as
formas de avaliação que estão sendo criadas pelo governo federal deverão ser
implantadas nas Universidades se aprovadas, mesmo se não ocorrer concordância.
DELIBERAÇÕES
ACORDADAS:
Elaboração de documentos do Fórum das
Seis contra a reforma universitária e do Cruesp, em separado, sinalizando a
discordância com o Projeto do Governo Federal, principalmente em relação às
formas de financiamento das Universidades Públicas, defendendo que o Estado tem
que estar no centro do processo;
Organização de debates pelo Fórum e
pelo Cruesp durante o 2º Semestre, ampliando o debate sobre o tema junto à
comunidade universitária, procurando englobar intervenções contraditórias (a
favor/contra) em relação ao projeto de Reforma Universitária;
Destacar nos debates os pontos
discordantes da Reforma e que já estão sendo apresentados em forma de projeto
de lei, tais como: PROUNI, SINAES, ENADE, COTAS; visando articular estratégias
de resistência da comunidade universitária;
Universidades Paulistas não aderirem ao
ENADE;
Realizar ações propositivas junto à
Assembléia Legislativa para combater o projeto de lei 530/04 que procura
definir 50% de vagas para estudantes da Escola Pública e 15% para
afrodescendentes, projeto este apresentado sem ter havido debate com as
Universidades.
2) ASSISTÊNCIA ESTUDANTIL:
O Fórum
das Seis apontou que, para a discussão desse tema, deveríamos buscar acordar
princípios que orientassem o tratamento em relação à Assistência Estudantil
nas três Universidades. Outro aspecto destacado é que vem crescendo a demanda
nas 3 Universidades sendo necessário aumento de recursos.
O
Fórum enfatizou a necessidade de conceituar Assistência Estudantil, nas três
universidades, como expressão do pleno exercício do direito à educação, um
mecanismo importante no combate à evasão escolar universitária, sendo um
investimento e não um gasto social. Concretamente se manifesta como direito à
moradia, alimentação, bolsas, material de estudo e creche; constituindo-se
assim na assistência estudantil plena, ou na gratuidade ativa. Para atingir tal
objetivo serão necessários:
Política
centralizada da Assistência Estudantil, acabando com a fragmentação de
diversos programas e ações distribuídos em diferentes instâncias no interior
das universidades;
Financiamento
público da Assistência Estudantil, considerando sempre como ponto de partida
as reais demandas dos estudantes e buscar os recursos necessários para seu
atendimento, visando o aprimoramento de
políticas que garantam a permanência dos estudantes;
Gestão
e participação democráticas, com dotação orçamentária e transparência
nas universidades;
Garantia
de gestão e patrimônio públicos;
Fim
da terceirização;
Instituição do princípio do tratamento
igualitário entre as Universidades e dentro das Unidades e/ou Faculdades de uma
mesma Universidade;
Realização de estudos e análises sobre
o perfil das demandas, visando a elaboração de políticas de permanência dos
alunos nas universidades.
DELIBERAÇÕES ACORDADAS:
Concordância, a priori, sobre o conceito
de assistência estudantil como mecanismo fundamental que as universidades
realizam para garantir a permanência e o bom desempenho acadêmico do aluno na
universidade;
Inclusão da Assistência Estudantil nos
orçamentos das Universidades;
Buscar aumentar progressivamente a dotação
orçamentária necessária para a política de permanência dos estudantes nas
Universidades, visto que a demanda vem aumentando nos últimos anos nas
Universidades;
Realização de estudos sobre a demanda
dos alunos, visando estabelecer relações com outras questões como evasão e
desempenho acadêmico;
Maior visibilidade dos critérios
utilizados na seleção de alunos nos programas de Assistência Estudantil;
Definição de uma política centralizada
para implementação da Assistência Estudantil, com gestão e participação
democráticas;
Incluir nas reuniões da Comissão Técnica
do Fórum com o Cruesp o debate sobre a aplicação de recursos na Assistência
Estudantil nas Universidades, com a presença dos estudantes;
Realização de reuniões em cada
Universidade para tratar de problemas específicos em relação aos itens:
Moradia, Restaurante, Bolsas, Material de Estudo, que englobam a Assistência
Estudantil e garantem a permanência do estudante;
Não Houve acordo:
1.
Que a demanda fosse utilizada como critério
para a definição do orçamento;
2.
Divergências sobre a possibilidade de um
estudante receber mais de um dos itens que englobam a Assistência Estudantil,
por exemplo, auxílio moradia e bolsa de apoio ao estudante;
3.
Com o fim das terceirizações nos
Restaurantes Universitários e nem com o seu total financiamento público; a
justificativa dos reitores é que a Universidade economiza com as terceirizações.
3)
EXPANSÃO DE VAGAS:
Houve a cobrança junto aos reitores da planilha
detalhada, por Universidade, demonstrando a aplicação da verba extra
cota-parte do ICMS destinada à expansão de vagas, solicitada ao Cruesp em
negociações anteriores e ainda não enviada. Como não havia sido
providenciada, a reunião foi suspensa e deverá ser remarcada brevemente para
tratar da expansão de vagas vinculando à contratação de professores e
funcionários.