Por
Alexandro Martello - G1
O
Banco do Brasil confirmou nesta quinta-feira
(20), por meio de comunicado à Comissão de
Valores Mobiliários (CVM) e à Bolsa de
Valores de São Paulo, a aquisição do banco
paulista Nossa Caixa por R$ 5,38 bilhões.
O pagamento será feito em dezoito parcelas
mensais a partir de março de 2009 no valor,
cada uma, de R$ 299,2 milhões - corrigidas
pela taxa básica de juros.
"O valor da operação foi calculado com base
em avaliação econômico-financeira elaborada
por consultores contratados pelo Banco do
Brasil, a qual levou em consideração, entre
outras metodologias, as perspectivas de
rentabilidade futura e o fluxo de caixa
descontado da Nossa Caixa", informou o Banco
do Brasil.
A venda da Nossa Caixa foi precedida por
reunião entre o governador de São Paulo,
José Serra, e o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva, ocorrida nesta quarta-feira (19).
Ao fim do encontro, porém, o governador José
Serra negou que o assunto tenha sido
discutido.
Liderança
Com a compra da Nossa Caixa, o Banco do
Brasil dá mais um passo para tentar retomar,
no futuro, a posição nunca havia perdido de
maior banco do país. O BB deixou a liderança
no início de novembro com a fusão entre o
Itaú e o Unibanco, que resultou na criação
de um "gigante financeiro". Com a operação,
o conglomerado formado pelos dois bancos
privados assumiu, também, o posto de maior
instituição financeira da América do Sul.
Logo após o anúncio da fusão entre o Itaú e
o Unibanco, o ministro da Fazenda, Guido
Mantega, já avisava que o BB perderia a
liderança "momentaneamente" e que a
instituição teria a chance de correr atrás e
se recompor. "A vida é assim. Nada como um
dia depois do outro. Ele [BB] terá também a
chance de correr atrás e se refazer",
afirmou Mantega na ocasião. A visão é
compartilhada pelo presidente Lula, para
quem há interesse de que o BB seja "muito
maior do que qualquer banco no Brasil".
Ao concretizar a compra da Nossa Caixa, o BB
soma R$ 53,4 bilhões em ativos, que já
totalizavam R$ 459 bilhões antes da
operação. Com isso, a instituição sobe para
cerca de R$ 513 bilhões em ativos totais.
Este valor já contabiliza o Banco do Estado
de Santa Catarina (Besc) e Banco do Piauí (BEP)
- este último adquirido recentemente.
O conglomerado formado pelo Itaú e Unibanco
possui cerca de R$ 575 bilhões em ativos.
mantendo a liderança. O BB também avalia,
porém, a compra do Banco de Brasília (BRB) e
há rumores que estaria negociando a
aquisição de parte do Banco Votorantin. A
instituição também tem atuado na compra de
carteiras de crédito de bancos de menor
porte.
Nova regra facilita negócio
A compra da Nossa Caixa foi agilizada pela
edição, por parte do presidente Lula, da
Medida Provisória 443, que autoriza o Banco
do Brasil e a Caixa Econômica Federal a
adquirirem, com menos burocracia,
instituições financeiras públicas e que
passou a permitir a compra de bancos
privados. A medida foi anunciada em meados
de outubro, antes da fusão do Itaú com o
Unibanco.
O BB lembra que já estava conversando com o
governo paulista sobre a compra da Nossa
Caixa há vários meses, ou seja, bem antes do
anúncio da fusão entre o Itaú e Unibanco.
Com a MP 443, informou em outubro o
vice-presidente de Finanças do BB, Aldo
Mendes, a compra do banco paulista teria
ficado mais fácil, visão que também foi
compartilhada pelo governador de São Paulo,
José Serra.
Segundo explicou Aldo Mendes, do BB, quando
a MP 443 foi editada em outubro, o modelo
antigo [pelo qual o BB não podia fazer
compras diretas de outros bancos] começou a
mostrar "grande dificuldade" para a compra
da Nossa Caixa e BRB, pois envolvia uma
engenharia financeira complicada e pagamento
em ações.
"Os vendedores [governos estaduais] não
querem receber, como moeda de troca, ações
de outro banco. Querem transformar esse
banco em outros ativos. Em um primeiro
momento caixa [dinheiro] e, em um segundo
momento, investimento em seus estados",
explicou Mendes naquele momento.