Rio - O governo não descarta propostas de
criação da idade mínima de 67 anos para homens e mulheres se
aposentarem pelo INSS e desvinculação do salário mínimo dos
benefícios pagos pela Previdência. Com isso, as trabalhadoras —
que hoje têm os 60 anos como base para a aposentadoria por idade
— perderiam a diferença de 5 anos em relação aos homens e ainda
teriam de acompanhar a elevação de 2 anos que o estudo
encaminhado à equipe econômica propõe.
Após reunião com o presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que
o governo estuda as polêmicas propostas. Elas eliminariam o
fator previdenciário (fórmula para o cálculo do benefício
segundo idade, valor e tempo de contribuição) dando lugar à
idade mínima e desobrigando a Previdência de garantir que o piso
do INSS acompanhe o mínimo. Segurados que já viram os benefícios
superiores ao mínimo perderem poder de compra ao passar pela
mesma desvinculação temem a medida.
“Levamos em consideração todas as
sugestões que estão sendo feitas. Pretendemos ouvir toda a
sociedade brasileira, desde o setor produtivo até os
beneficiários (do INSS). A única posição que já temos firmada é
que nós temos que melhorar muito a gestão do setor
previdenciário”, completou.
Hoje, sistema exige 60 e 65
Atualmente, o sistema previdenciário estabelece as idades de 65
anos (homens) e de 60 (mulheres) para a formulação do pedido de
aposentadoria por idade. Nesse caso, é preciso ter contribuído
por, no mínimo, 12 anos e meio em 2006 (para quem ingressou no
Regime Geral da Previdência Social antes de 1991) ou por 15 anos
(para quem começou a recolher ao INSS depois disso). A partir de
2011, todos os trabalhadores, sem exceção, deverão ter
contribuído por 15 anos para requerer o benefício.
Em relação à aposentadoria por
contribuição, os homens só podem requerê-la depois de 35 anos de
recolhimento ao INSS, enquanto as mulheres devem contribuir por,
no mínimo, 30 anos, para obter a aposentadoria — como no
benefício por idade, 5 anos menos.
Avaliação será concluída até o fim
deste ano
O ministro Guido Mantega explicou que todas as propostas estão
sendo avaliadas e que as definições sobre Previdência, gastos
correntes e salário mínimo, por exemplo, devem ser concluídas
até o fim do ano, por ordem do presidente da República. Mas ele
não disse quando as medidas serão anunciadas.
Mantega evitou revelar quem encaminhou as sugestões de mudanças
na Previdência Social. Na prática, as alterações só podem ser
efetuadas mediante Proposta de Emenda Constitucional (PEC), pois
alteram a Constituição Federal.
A sinalização do ministro vem um dia após
ter sido ventilado pela imprensa, sem desmentido do Planalto,
que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não faria uma reforma
da Previdência para mudar as regras de aposentadoria do
funcionalismo ou setor privado.
As mudanças estão sendo cogitadas, no entanto, desde último dia
20, quando o próprio Mantega confirmou ter recebido estudo do
consultor Vicente Falconi, propondo mudanças na gestão da
Previdência, com medidas estruturais para combater a fraude e
economizar cerca de R$ 50 bilhões ao longo de quatro anos.