From: "Felipe" <felipeluizgomes@terra.com.br>
To: "Aluizio Monteiro Junior" <aluiziom@fclar.unesp.br>
Subject: AS LEIS SÃO CONSTRUÍDAS HISTORICAMENTE.
Date: Thu, 28 Jun 2007 15:38:08 -0300

Declaro meu total apoio ao excelente texto "Apontamentos sobre a crise educacional, social e política" escrito pela professora Roseana Costa Leite do Departamento de Ciências da Educação da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista, campus de Araraquara.

O uso legal da força policial, na calada da noite, contra os estudantes que lutam em defesa da Autonomia Universitária passará para história da educação como um lamentável erro de gestão pública, foi uma equivocada decisão da direção da Faculdade de Ciências e Letras.  Muitos docentes, funcionários e estudantes, que pertencem à comunidade universitária, diante de tamanha opressão legal, estão de luto.

Existem muitas atividades legais que, na minha opinião, não têm legitimidade social. Todos nós sabemos que há, por exemplo, ofertas de cursos de extensão pagos que, na realidade, excluem a maioria da população.

Cursos que são oferecidos, legalmente, por docentes da área de humanas e que alcançam cifras monetárias que excluem professoras e professores do ensino médio e fundamental. Esta é uma forma legal de privatização e de exclusão social.

As leis são construídas historicamente, o Movimento Interestadual das Mulheres Quebradeiras de Coco Babaçu conquistou a "Lei do Babaçu Livre"; em alguns municípios do Pará as trabalhadoras têm o direito de entrar nas terras e coletar os frutos - coco babaçu - que são necessários à reprodução da vida material e social. Sem a existência deste movimento muitas florestas de babaçu não mais existiriam, e com elas toda biodiversidade. Por isto o estudante de administração pública, Bruno Cabral, fez um belo poema para as trabalhadoras, "Alegria de Sofrimento".

Se não houver lutas não avançaremos os direitos sociais, civis e políticos, não transformaremos um dos países mais injustos do mundo, o Brasil. Os estudantes enfrentaram a Tropa de Choque - 180 policiais - pacificamente, oferecendo aos docentes uma lição de cidadania. Lutamos, sofremos e aprendemos.

É importante saber aprender.

Agradeço aos estudantes e funcionários, obrigado Bruno Cabral, obrigado colega Roseana Leite.

Prof. Dr. Felipe Luiz Gomes e Silva
Departamento de Administração Pública.
Faculdade de Ciências e Letras da UNESP.