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São Paulo, 02 de fevereiro de 2007
JORNAIS

O Estado de S.Paulo

Nacional
Movimento Estudantil
UNE faz passeata no Rio para recuperar sua sede Organização ocupa área de onde foi desalojada pela ditadura nos anos 60
Karine Rodrigues
 

A União Nacional dos Estudantes (UNE) iniciou ontem a comemoração de seus 70 anos voltando para casa. Depois de um ato nos Arcos da Lapa, no centro do Rio, cerca de 2 mil pessoas saíram em passeata até a Praia do Flamengo, na zona sul, onde derrubaram um portão de ferro para ocupar o terreno da antiga sede da organização, incendiada pela ditadura em 1º de abril de 1964 e demolida na década de 80. O ato reuniu nove ex-presidentes da entidade, entre eles o ministro do Esporte, Orlando Silva Júnior.

'O presidente Lula falou para mim que o Brasil tem uma dívida com a UNE. Agora isso vai ser resolvido', disse o ministro, referindo-se à retomada do terreno da antiga sede. De propriedade da União, o terreno foi doado à entidade em 1996. Desde então, lá funciona, de forma irregular, um estacionamento.

Ao ocuparem a propriedade, os estudantes cantaram o Hino Nacional e picharam o muro com palavras de ordem. Atual presidente da UNE, Gustavo Petta declarou que cerca de 300 universitários vão permanecer acampados na propriedade, até a construção da nova sede - com projeto de Oscar Niemeyer. 'Vamos ficar aqui quanto tempo for preciso.'

Advogado do dono do estacionamento, Marco Antônio Carvalhal informou que vai prestar queixa na delegacia caso haja prejuízos aos carros que estão no local. E disse que a situação do terreno ainda não foi resolvida pela Justiça, apesar de a UNE ter exibido uma cópia do registro geral do imóvel.

AVANÇOS

Durante a manifestação na Lapa, antigos dirigentes destacaram, de forma consensual, os avanços ocorridos no País, mas afirmaram que o Brasil almejado ainda está muito distante. Fundador da UNE, Irum Santana, de 90 anos, observou que a riqueza da Nação contrasta com os milhões de brasileiros que estão abaixo da linha da pobreza. 'Estamos um pouco mais igualitários. Mas é preciso muito mais. Precisamos de crescimento e, para isso, é necessário reduzir a pobreza.'

Presidente da UNE em 1950 e 1951, o ex-deputado José Frejat enumerou áreas que ainda não alcançaram o patamar desejado. 'Educação, saneamento, meio ambiente, renda. Melhoramos, sem dúvida, mas ainda estamos muito distantes do Brasil dos nossos sonhos.'

Assim como ele, o ministro do Esporte vê avanços, mas também necessidade de mudanças, entre elas, na área educacional. 'O ProUni é muito bom, mas é preciso aumentar o acesso à universidade', afirmou Silva, que presidiu a UNE no período 1995/1997.