Unicamp registra sua
500ª patente
Marca inédita no País
é obtida com creme
cicatrizante
desenvolvido pela
Faculdade de Ciências
Médicas
Rose Mary de Souza
A Universidade Estadual
de Campinas (Unicamp)
comemora a 500ª patente
depositada no Instituto
Nacional de Propriedade
Intelectual (INPI).
Nunca antes uma
instituição de pesquisa
havia alcançado esse
número. O produto também
é revolucionário: um
creme à base de insulina
que acelera a
cicatrização de feridas
em diabéticos.
A universidade divulgou
ontem que, pela primeira
vez, realiza a
transferência de uma
patente já com sua marca
registrada. O invento
será produzido e
comercializado - com os
nomes Fentox e Fentox
TPH - pela empresa
Contech Brasil,
instalada em Valinhos.
Ainda não há uma data
para a entrada do
produto no mercado, pois
seguem as pesquisas
clínicas em humanos,
exigência de órgãos
responsáveis por sua
liberação comercial
final.
O creme de insulina foi
desenvolvido pelo
endocrinologista Mario
Saad e pela enfermeira
Maria Helena Melo Lima,
ambos da Faculdade de
Ciências Médicas. Na
fase inicial de testes,
foram utilizadas cobaias
animais do Laboratório
de Biologia Molecular da
universidade. A
tecnologia para
desenvolver é resultado
do trabalho dos
pesquisadores Wilson
Jardim e Juliano de
Almeida Andrade, do
Instituto de Química.
Para o reitor da
Unicamp, José Tadeu
Jorge, a universidade
cumpre o seu objetivo
que é o de transformar
conhecimento em serviços
e produtos. Por ano, a
Unicamp tem depositado
70 patentes. Àqueles que
eventualmente acharem
pouco, ele justifica: o
interesse em registrar
propriedade virou
realidade nas
universidades
brasileiras há pouco
tempo. “No último do
ranking do INPI, a
Unicamp aparece em
primeiro lugar entre os
que mais depositam
patentes, seguido pela
Petrobrás e por algumas
outras empresas. A
Federal de Minas Gerais
e a Fapesp também estão
entre as dez primeiras”,
comenta.
O reitor salienta que a
universidade não visa ao
retorno financeiro com a
patente do produto.
“Ainda não temos números
fechados sobre o que
rende. Mas é algo em
torno de R$ 200 mil a R$
300 mil por ano. É ainda
muito pouco”, ressalta.
Segundo Tadeu Jorge,
nenhuma universidade no
mundo se sustenta com
recursos gerados por
patentes.
INDÚSTRIA VS.
UNIVERSIDADE
“As indústrias
brasileiras sempre foram
mais atentas que as
universidades e
institutos de pesquisas
para a cultura do
patenteamento. Eu diria
que teremos uma corrida
daqui para frente entre
esses segmentos”,
destaca o presidente da
INPI, Jorge Ávila.
Ele destaca a Petrobrás
como a empresa que mais
busca registrar
patentes, mas lembra
que, empresas de porte
pequeno, com alto valor
agregado tecnológico
dentro do conjunto de
setor privado, procuram
cada vez mais o
instituto.
O INPI, diz Ávila, tem
cerca de 400 técnicos e
pretende contratar mais
profissionais, para
reduzir o tempo de
registro de uma marca ou
produto. Segundo ele,
espera-se hoje no Brasil
entre cinco e sete anos,
enquanto o prazo fica
entre quatro e cinco no
exterior. “Queremos
reduzir para quatro anos
essa espera. Atualmente,
quando a patente é
depositada, ela leva 18
meses apenas para
começar a ser
apreciada”, explica
Ávila.
A pesquisa do
medicamento à base de
insulina começou há
cinco anos. Mas foi há
apenas 18 meses que a
equipe passou a investir
no potencial do creme de
insulina como acelerador
de ferimentos.
“Começamos testando em
animais e tivemos
resultados animadores em
humanos”, explica o
endocrinologista Mario
Saad. A insulina
(hormônio responsável
pela diminuição da
glicose no sangue), na
forma de creme,
conseguiu acelerar a
cicatrização em seis
dias. Em testes com
ratos diabéticos, a
cicatrização ocorreu em
nove dias. O produto não
apresentou nenhuma
contra-indicação.
“Com o creme de
insulina, verificamos a
volta do crescimento
celular, diminuindo a
lesão”, explica Maria
Helena. Segundo ela, uma
ferida aberta por muito
tempo aumenta o risco de
infecção e pode levar,
até mesmo, à amputação
de um membro. |