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São Paulo, 21 de dezembro de 2007

O Estado de S.Paulo

Vida&
Ensino Superior
USP concentra 27% dos programas que receberam conceito máximo
Renata Cafardo e Simone Iwasso

A Universidade de São Paulo (USP) concentra 27% dos cursos que receberam avaliações 6 e 7 pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em todo o País. Na lista, estão programas nas áreas de humanas (Sociologia, Letras e Lingüística), exatas (Matemática) e biológicas (Ciências Farmacêuticas) oferecidos pela instituição.

Além da USP, a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), que tem sua nota média na pós-graduação entre as mais altas do País, teve aumento de conceito em cinco cursos oferecidos: Engenharia Química passou de nota 6 para 7, Lingüística de 5 para 6, Saúde Coletiva de 4 para 5, Engenharia Agrícola de 4 para 5 e Engenharia do Petróleo de 3 para 4.

Nessa segunda fase da avaliação - a primeira foi divulgada em outubro, com prazo de 30 dias para as instituições se pronunciarem -, outros 589 cursos também entraram com pedido de reconsideração de seus conceitos. Desses, 153 foram atendidos e tiveram aumento em sua nota, representando 26% dos questionamentos. Os outros continuaram com a avaliação divulgada inicialmente.

Quase todos os programas com nota 7 estão nas regiões Sul e Sudeste - apenas a área de Astronomia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) consta da lista.

Os outros 82 programas que receberam conceito máximo, compondo a elite da pós-graduação, estão divididos entre USP, Unicamp, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade de Brasília (UnB), Universidade Estadual Paulista (Unesp), Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ) é a única instituição particular com nota 7. O programa que recebeu o conceito foi o de Ciências da Computação.

Com relação à última avaliação, a do triênio de 2004 (a Capes faz o relatório a cada três anos), cerca de 500 cursos subiram de conceito. Outros 231 caíram.

MEC descredencia 39 cursos de pós por baixa qualidade
Lista de excluídos pela Capes inclui um programa da USP, um da Unifesp e um da Unicamp
Renata Cafardo e Simone Iwasso

A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes/MEC) descredenciou 39 cursos de pós-graduação do País. A lista foi divulgada ontem e inclui um programa da Universidade de São Paulo (USP), um da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e um da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), consideradas três das melhores instituições de ensino superior brasileiras.

Os cursos - de mestrado, doutorado ou mestrado profissionalizante - estão impedidos de receber mais estudantes. Os atuais alunos, no entanto, podem terminar seus estudos e receber seus diplomas.

"Esses alunos já foram prejudicados", disse o diretor de avaliação da Capes, Renato Janine Ribeiro. A situação dos estudantes de doutorado costuma ser pior, já que eles podem levar até três anos e meio para terminar o curso. O mestrado deve ser feito em, no máximo, dois anos e quatro meses.

A lista divulgada ontem é um resultado da segunda fase de avaliação da Capes deste ano. A entidade examina os cursos de pós-graduação no País a cada três anos. Em outubro, foram divulgadas as notas - que variam de 1 a 7 - de todos os 2.257 programas. A partir daí, as instituições puderam recorrer da nota. "Algumas alegaram que já estavam implementando medidas de melhoria, outras enviaram informações que faltavam", explica Ribeiro.

Dos 81 programas que inicialmente tinham sido avaliados com notas 1 e 2, o que leva ao descredenciamento, 66 entraram com recursos. Deles, 42 conseguiram subir para o conceito 3. Os 39 restantes foram divulgados ontem e representam 1,7% do total de programas no País. Na última avaliação da Capes, divulgada em 2004, 2% dos cursos foram descredenciados. "Eles podem até recorrer ao Conselho Nacional de Educação (CNE), mas ele nunca desrespeitou uma decisão da Capes."

A lista dos piores tem 19 cursos de São Paulo e Rio e 8 do Nordeste. Só 7 deles são de universidades particulares.

"É lamentável", diz o pró-reitor de pós-graduação da USP, Armando Corbanni, sobre o curso de Cirurgia Plástica, da Faculdade de Medicina, que ficou entre os 39. Segundo ele, o curso é pequeno e iria começar uma reestruturação em 2008. "É uma área em que as pessoas costumam fazer uma especialização e não pós-graduação. Não tinha muita procura nem muita produção científica", diz. Há 26 alunos e 11 orientadores no programa. Em contrapartida, a USP é uma das instituições com o maior número de cursos de pós-graduação de excelência (ver texto abaixo).

A Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) informou por meio de nota que seu curso de Engenharia Mecânica, que teve nota 2, "já estava em processo de extinção há dois anos, quando interrompeu o ingresso de novos alunos". A nota continua afirmando que "todos os alunos já haviam defendido tese e a Unicamp considerou, na época, que o curso já havia cumprido sua função".

A Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) também informou que o curso de Morfologia foi fechado há dois anos. Segundo a Capes, os registros oficiais de todos os programas incluídos na lista indicavam que eles estavam em funcionamento.

Reconhecimento

A avaliação de cursos de pós-graduação feita pela Capes existe há 31 anos e é a mais respeitada do País. São raros os questionamentos, como freqüentemente ocorre na avaliação de cursos de ensino superior, que já foi feita por meio do Provão e hoje tem o Exame Nacional de Desempenho de Estudante (Enade). "Temos tradição e apoio das instituições", diz Ribeiro. Ele explica que, enquanto a graduação conta com mais de 2 mil universidades e faculdades, a pós-graduação congrega cerca de 200. "E são as instituições de excelência."

A comparação entre os níveis de ensino em quantidade de alunos e professores também é extrema. A pós-graduação tem cerca de 150 mil estudantes - no ensino superior, são 5 milhões. Há ainda 38 mil professores em mestrados e doutorados e 300 mil na graduação.

A avaliação da Capes, no último triênio (2005/2006/ 2007), focou na formação do aluno. As análises são feitas principalmente com os dados sobre produção de alunos e professores do programa. "Não interessa ter um professor que pesquisa muito, mas se quem orienta os alunos são os outros", explica Ribeiro. A avaliação considera também os livros produzidos a partir das teses e monografias e, em alguns casos, há visitas às instituições.