O Estado de S. Paulo
Terça-Feira, 16 de Junho de 2009
USP freia readmissão de
membro do sindicato
TRT suspendeu liminar que devolvia cargo a Claudionor Brandão
Simone Iwasso
O Tribunal
Regional do Trabalho suspendeu ontem a liminar concedida na semana
passada pela 26ª Vara do Trabalho que determinava a reintegração do
sindicalista Claudionor Brandão, de 52 anos, ao quadro de funcionários
da Universidade de São Paulo (USP). A instituição havia sido comunicada
oficialmente da decisão ontem pela manhã e entrou com recurso em segunda
instância.
A readmissão de Brandão, técnico de manutenção de ar-condicionado desde
1987, é uma das reivindicações dos funcionários, em greve há mais de um
mês. Ele foi exonerado em dezembro passado após ser condenado em
processo administrativo. Mesmo assim, foi indicado como representante do
sindicato nas negociações deste ano com os reitores, que não aceitaram
sua presença.
Em seu nome, há dezenas de processos internos nas últimas décadas
(segundo ele mesmo) e três inquéritos policiais - um de 2006 por ameaça
e injúria, outro deste ano por constrangimento ilegal e um terceiro na
Delegacia da Mulher, por atentado violento ao pudor. E há uma
investigação no 93º DP por perigo de vida: ele teria avançado com um
carro contra três vigilantes da USP e dirigido na contramão em uma
avenida. Brandão nega as acusações e as atribui a uma perseguição
política dentro da universidade. Em relação à acusação de atentado
violento ao pudor, ele diz se tratar de armação de um adversário
sindical.
Uma das acusações do processo no qual foi condenado é a de ter invadido
a biblioteca da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo em 2005 e ameaçado
funcionários, alunos, professores e colocado em risco o acervo. Segundo
Brandão, ele entrou na biblioteca com outros funcionários para
convocá-los para um piquete. Um ano depois, foi condenado a 20 dias de
suspensão por organizar um protesto de terceirizados. No processo
administrativo, foi acusado de "desvio da função sindical". Essa
reincidência provocou sua exoneração.
A reitoria não comenta as acusações e afirma tratar-se de processo
sigiloso. Há uma semana, quando ocorreu confronto entre PM e
manifestantes na Cidade Universitária, Brandão foi detido por desacato e
resistência à prisão. Foi levado ao DP, assinou termo circunstanciado e
foi liberado.
Brandão não esconde sua atividade política. É membro da Liga Estratégia
Revolucionária, dissidência do PSTU - partido pelo qual foi candidato a
deputado estadual em 1998. Desde a demissão, recebe R$ 2.600 do
sindicato, mesmo valor que recebia como funcionário da USP.
PASSEATA ADIADA
A passeata prometida pelo Diretório Central dos Estudantes foi adiada
para quinta e seu trajeto foi alterado: inicialmente da reitoria até o
Masp, agora deve ser do Masp até a Faculdade de Direito no Largo São
Francisco, a partir das 13 horas. O motivo é ter mais tempo para reunir
pessoal "da Unesp e da Unicamp", disse Gabriel Casoni, diretor do DCE.
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