Ensino médio agora tem "pós-graduação"
17/07 - 09:23 - Agência Estado
A necessidade de mão-de-obra qualificada em alguns setores tem levado empresas e instituições de ensino a buscarem soluções para o "apagão profissional". Este mês, a IBM lançou, em parceria com o Centro Paula Souza, um curso gratuito de Especialização Técnica na linguagem de computador Java e nos softwares WebSphere e Rational.
O
curso é voltado a
profissionais que
terminaram o ensino
médio técnico.
"É o primeiro curso
pós-técnico do Paula
Souza", diz Paulo
Henrique Chíxaro,
diretor de uma das
unidades do centro
estadual de ensino
técnico. Após uma série
de avaliações, a lista
de aprovados foi
divulgada esta semana, e
as aulas serão
realizadas nas escolas
técnicas de Americana,
Hortolândia e Jundiaí. O
Centro Paula Souza
administra, no total,
141 Escolas Técnicas (Etecs)
em São Paulo.
A IBM treinou os
professores e forneceu
laboratórios e material
para a realização do
curso. "Tanto o ensino
médio técnico quanto a
graduação dão ao
estudante uma visão mais
geral", diz Sirlene
Toledo, gerente de
parcerias educacionais
da IBM. "Na graduação,
existem cursos de pós,
extensão e outras opções
para obter conhecimento
específico. No nível
técnico, isso não
existia."
Ela afirma que o curso
permitirá que os
profissionais, após seis
meses, entrem
rapidamente no mercado
de trabalho. "Há uma
demanda muito grande por
esse pessoal. Até 2010,
o mercado de tecnologia
brasileiro terá um
déficit de 100 mil
profissionais", diz. A
própria IBM tem 1,5 mil
vagas em aberto em
diversas áreas.
"Estaremos de olho em
alunos desse curso e dos
próximos que vêm por
aí."
Ela conta que, como a
procura pelo pós-técnico
foi grande, a IBM e o
Paula Souza já fecharam
a criação de um novo
curso, com
especialização em
Mainframes. "Muito
trabalho dentro de TI
pode ser feito por
profissionais com ensino
médio técnico, o que não
quer dizer que a
graduação não é
necessária", diz Sirlene.
"Essa é uma forma de
inseri-los mais
rapidamente no mercado,
e depois tornar mais
fácil a escolha de uma
área de graduação para
seguir, já com a
carreira em andamento."
Segundo Chíxaro, a
parceria já despertou o
interesse no centro de
buscar a criação de
pós-técnicos em outras
áreas. "Além de
tecnologia, o modelo
pode ser aplicado no
ramo da saúde, que
também exige
conhecimentos
específicos", diz. "A
sociedade só tem a
ganhar com esse tipo de
investimento."
Profissionalizante
Outras empresas buscam
parcerias com escolas
profissionalizantes,
também pós-ensino médio,
para encontrar
profissionais
qualificados. É o caso
da Copagaz e da Lanxess,
entre outras, que são
parceiras do Instituto
de Formação Profissional
Administrativa (IFPA),
que oferece cursos na
área de gestão.
"A idéia é qualificar
profissionais
rapidamente. Os cursos
duram dois anos e são
ministrados em alemão
para estudantes que
terminaram o ensino
médio. Cerca de 30% do
curso é feito em sala de
aula, e o restante em
forma de estágio nas
empresas parceiras", diz
Andréas Bossert, diretor
do IFPA.
"Esses profissionais
recebem formação
específica e, como
convivem conosco,
aprendem a cultura da
empresa", diz Ludovico
Martin, gerente de RH da
Lanxess. "É primordial
para o desenvolvimento
do País que o contato
escola-empresa comece
ainda no ensino médio,
pois para algumas
funções não há
profissional pronto."
Iuri Helfstein e Diogo
Shibata são dois dos
alunos do IFPA que fazem
estágio na Copagaz.
"Optar por um curso
pós-ensino médio foi bom
porque conseguimos aliar
juventude e
experiência", diz
Shibata. "Muitas
empresas querem
profissionais com boa
formação, mas também com
experiência - coisa que
só o ensino médio e a
graduação infelizmente
não fornecem." Helfstein,
que, além do IFPA, cursa
Ciências Econômicas na
PUC, diz que a rotina é
puxada, mas válida.
"Conhecer uma empresa
por dentro me ajudou a
escolher mais
acertadamente o curso
superior." As
informações são do O
Estado de S. Paulo