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06/06/2010 |
Bravos servidores da Unesp |
Para além da intransigência costumeira do Cruesp
(Conselho dos Reitores das Universidades Estaduais
Paulistas) na negociação coletiva que se inicia, ano
após ano, no mês de maio, desta vez (2010) eles,
reitores, se superaram ao romper a isonomia de reajustes
aos seus servidores, docentes e técnico-administrativos.
A título de reestruturação da carreira docente
realinharam, a partir de março, retroativo a fevereiro,
os salários base destes com aqueles pagos nas
universidades federais, fundamentando, entre outros
propósitos, pela necessidade de atrair “quadros
acadêmicos qualificados” ou, na prática, “segurar” os
atuais.
Servidores nós sabemos a que preço isto foi feito, porém
a comunidade precisa ser alertada. O Cruesp, que bem
conhece a histórica capacidade de mobilização dos
servidores das universidades públicas paulista ante ao
descaso e sucateamento do ensino superior público no
Estado, novamente se curva aos ideários governamentais e
atende ao apelo de evitar qualquer imbróglio que exponha
neste ano eleitoral a imagem do “postulante mor” à
Presidência da República, sr. José Serra, fazendo
unilateralmente a referida correção salarial somente aos
docentes. Sem dúvida, trata-se da factível
desmobilização desse importante segmento e, por
conseguinte, o isolamento dos técnico-administrativos a
qualquer hostilidade e constrangimentos diante do não
atendimento da pauta de reivindicações apresentada.
Entretanto, a verdade surge perante simples
questionamentos e argumentos, se não, vejamos: por que
só agora os reitores preocupam-se em atrair ou impedir a
perda dos docentes? Soa estranho tal inquietação se
imaginarmos que ao longo do tempo muitos já saíram das
universidades por condições melhores de trabalho,
incluso os salários, ou que à época das reformas
previdenciárias um imenso contingente de docentes se
aposentaram, sem a devida reposição.
Desconsideram que as necessidades de subsistência dos
técnico-administrativos são as mesmas que as dos
docentes. Igualmente não consideram a realidade dos
baixíssimos salários destes trabalhadores ao ponto de,
por exemplo, não se conseguir facilmente a contratação
de pessoal técnico especializado. Esquecem que sempre
propalam a importância do equilíbrio entre os segmentos
docente, técnico-administrativo e estudantil na
universidade pública socialmente referenciada, mas
tratam iguais de modo desigual.
Aos companheiros técnico-administrativos da USP, Unesp e
Unicamp, aproveito a oportunidade para publicamente
felicitar e declarar o apoio a justeza da greve que
sustentam, bem como fazer mea-culpa ante à falta de
maior participação docente, mas não de solidariedade, em
razão de vivenciarmos um grande refluxo de engajamento
neste segmento, gerado, penso eu, principalmente pela
meritocracia que se enraíza em nosso labor, causando
cada vez mais o individualismo, a competição e a cultura
do produtivismo desmedido.
No câmpus da Unesp/Bauru isto está mais pronunciado,
dada a opção pelo afastamento sindical da associação
docente local que ainda perdura nos colocando no mais
completo ostracismo.
Continuem firmes, servidores, é tempo também de cobrar
as instâncias institucionais da nossa universidade
(Conselhos de Departamentos, Congregações e Comissões)
apoio ao movimento e dos srs. diretores de Unidades e
representantes docentes posicionamentos nos colegiados
superiores. Saudações.
Gilberto Magalhães -
docente do Departamento Engenharia Mecânica - Unesp
Bauru |
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