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FOLHA DE SÃO PAULO
Polícia ocupa a USP para impedir piquetes
Cerca de 150 PMs isolaram prédios da Cidade
Universitária, em SP, que eram bloqueados por grevistas
TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Militar ocupou ontem, com 150 homens, sete
pontos da Cidade Universitária da USP (zona oeste de São
Paulo) e permaneceu no local durante 14 horas para
impedir que funcionários em greve há quase um mês
bloqueassem a entrada das unidades, incluindo o prédio
da reitoria.
Os grevistas estavam impedindo a entrada de funcionários
que não aderiram à paralisação desde a última
quarta-feira. Para suspender os bloqueios, a reitora
Suely Vilela obteve um mandado de reintegração de posse
na Justiça, cumprido ontem pela PM.
Os policiais, com cassetetes e armas com balas de
borracha, montaram cordões de isolamento em frente aos
prédios. A maior parte se concentrou no acesso principal
da reitoria.
Os grevistas, em resposta à ação policial, desfilaram
com cartazes em que pediam a saída da Polícia Militar do
campus, mas não houve confrontos.
É a segunda vez, em duas semanas, que a PM é chamada na
universidade para conter ações dos grevistas. No dia 25,
a tropa de choque chegou aos portões do campus, mas não
entrou.
Na ocasião, um grupo de estudantes havia invadido o
prédio da reitoria. Os manifestantes quebraram vidros e
deixaram R$ 10 mil em prejuízos.
Ontem, a PM chegou por volta das 2h. Como os piquetes
começariam às 6h, ainda não havia manifestantes nos
prédios. Quando os grevistas chegaram, o clima foi de
tensão.
Provocação
No início da tarde, cerca de 800 pessoas se concentravam
no local, inclusive estudantes, que, em provocação,
ofereceram coxinhas aos policiais.
Em resposta à entrada dos policiais no campus, sete
professores transferiram as aulas para os gramados em
frente à reitoria. "Foi uma ideia dos alunos em resposta
à militarização do campus, que acho lamentável", disse o
professor de sociologia Leonardo Mello e Silva.
O ato foi chamado de um "protesto pedagógico" pela
professora Lisete Arelano, da Faculdade de Educação.
A polícia militar deixou, aos poucos, a universidade. Às
16h30 já não havia mais PMs.
O comandante da operação, Cláudio Miguel Longo, afirmou
que, se os bloqueios voltarem, a polícia retornará.
Funcionários afirmam, porém, que devem retomar os
piquetes hoje.
Na tarde de ontem, os funcionários decidiram manter a
greve, iniciada em 5 de maio. Hoje, docentes decidem se
também vão parar. As duas categorias pedem 16% de
reajuste, mais a incorporação de R$ 200 aos salários. A
reitoria ofereceu 6,05%. |