São Paulo, terça-feira, 02 de junho de 2009

 
 
 

 

FOLHA DE SÃO PAULO

Polícia ocupa a USP para impedir piquetes

Cerca de 150 PMs isolaram prédios da Cidade Universitária, em SP, que eram bloqueados por grevistas

TALITA BEDINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Polícia Militar ocupou ontem, com 150 homens, sete pontos da Cidade Universitária da USP (zona oeste de São Paulo) e permaneceu no local durante 14 horas para impedir que funcionários em greve há quase um mês bloqueassem a entrada das unidades, incluindo o prédio da reitoria.

Os grevistas estavam impedindo a entrada de funcionários que não aderiram à paralisação desde a última quarta-feira. Para suspender os bloqueios, a reitora Suely Vilela obteve um mandado de reintegração de posse na Justiça, cumprido ontem pela PM.

Os policiais, com cassetetes e armas com balas de borracha, montaram cordões de isolamento em frente aos prédios. A maior parte se concentrou no acesso principal da reitoria.

Os grevistas, em resposta à ação policial, desfilaram com cartazes em que pediam a saída da Polícia Militar do campus, mas não houve confrontos.
É a segunda vez, em duas semanas, que a PM é chamada na universidade para conter ações dos grevistas. No dia 25, a tropa de choque chegou aos portões do campus, mas não entrou.

Na ocasião, um grupo de estudantes havia invadido o prédio da reitoria. Os manifestantes quebraram vidros e deixaram R$ 10 mil em prejuízos.
Ontem, a PM chegou por volta das 2h. Como os piquetes começariam às 6h, ainda não havia manifestantes nos prédios. Quando os grevistas chegaram, o clima foi de tensão.

Provocação
No início da tarde, cerca de 800 pessoas se concentravam no local, inclusive estudantes, que, em provocação, ofereceram coxinhas aos policiais.
Em resposta à entrada dos policiais no campus, sete professores transferiram as aulas para os gramados em frente à reitoria. "Foi uma ideia dos alunos em resposta à militarização do campus, que acho lamentável", disse o professor de sociologia Leonardo Mello e Silva.

O ato foi chamado de um "protesto pedagógico" pela professora Lisete Arelano, da Faculdade de Educação.

A polícia militar deixou, aos poucos, a universidade. Às 16h30 já não havia mais PMs.

O comandante da operação, Cláudio Miguel Longo, afirmou que, se os bloqueios voltarem, a polícia retornará. Funcionários afirmam, porém, que devem retomar os piquetes hoje.

Na tarde de ontem, os funcionários decidiram manter a greve, iniciada em 5 de maio. Hoje, docentes decidem se também vão parar. As duas categorias pedem 16% de reajuste, mais a incorporação de R$ 200 aos salários. A reitoria ofereceu 6,05%.