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27/05/2008 - 10h47 - Atualizado em 27/05/2008 - 13h07

Estudantes e funcionários fazem piquete na reitoria da USP

Duas entradas principais da reitoria foram bloqueadas com cavaletes de madeira.
Segundo Sintusp, 800 funcionários trabalham no prédio.
 
Fernanda Bassette Do G1, em São Paulo
 
Fernanda Bassette/G1
Cavaletes foram colocados na porta principal do prédio da reitoria (Foto: Fernanda Bassette/G1)

Um grupo de estudantes e funcionários da Universidade de São Paulo (USP) fazem um piquete em frente ao prédio da reitoria da universidade na manhã desta terça-feira (27) e impedem a entrada dos servidores no local. Eles protestam contra a reitoria - que não teria liberado os funcionários para participar do V Congresso da USP. A assessoria de imprensa da universidade nega.

Segundo Stephano Azzi, 22, aluno do 4º ano do curso de história, no ano passado, com o fim da ocupação do prédio da reitoria da USP, a reitora Suely Vilela teria se comprometido a liberar os alunos, docentes e funcionários para a realização do congresso (previsto para acontecer entre os dias 26 e 31 de maio), o que não aconteceu.  

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Grupo de alunos em frente ao prédio da reitoria (Foto: Fernanda Bassette/G1)
 
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"A reitora suspendeu as aulas, garantindo a participação dos alunos e professores. E nós entendemos que os funcionários também são um dos pilares da universidade. Sem eles, não existe a possibilidade de participarmos do congresso. Fizemos uma assembléia e aprovamos a realização de uma semana de lutas para protestar contra a falta de democracia na USP e contra essa estrutura de poder autoritária", disse Azzi.

De acordo com Azzi, os alunos souberam na semana passada que apenas os delegados dos funcionários seriam liberados para participar do encontro e ainda dependeriam da autorização dos diretores das unidades. "A gente entende que isso é fazer distinção entre alunos, professores e funcionários. A USP não é uma universidade que está a serviço do trabalhador", disse o estudante.

Para fazer o piquete, os alunos bloquearam as duas entradas principais da reitoria com cavaletes de madeira. Segundo Azzi, não há a intenção de ocupar o prédio da reitoria. "Isso nem passou pela nossa cabeça, nem tocamos nesse assunto. A idéia é fazer um ato para protestar contra a falta de democracia".

O diretor de base do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Sintusp) Magno de Carvalho soube da decisão dos estudantes na noite desta segunda-feira (26)  e afirmou que os funcionários estão apoiando o movimento. De acordo com Carvalho, cerca de 800 servidores trabalham no prédio da reitoria.

 Congresso ameaçado

O esutante Azzi disse que os alunos aprovaram em assembléia o cancelamento do congresso para protestar. Segundo a professora Lucília Borsari, representante dos professores da comissão organizadora do V Congresso, os docentes e alguns alunos estão reunidos neste momento no auditório para discutir qual o rumo que o congresso vai tomar diante da realização do piquete de alunos e funcionários no prédio da reitoria.

"A plenária de instalação do congresso deveria ter acontecido pela manhã e vamos decidir o que fazer. Pode ser que a gente transforme o congresso num encontro de professores", disse.

 Reitoria fez recesso para congresso

A assessoria de imprensa da USP informou que a reitora não impediu a participação dos funcionários no congresso e, inclusive, criou um recesso acadêmico de uma semana e ofereceu toda a infra-estrutura necessária para a realização do congresso, como transporte, alojamentos, auditórios e impressão de materiais para divulgar os resultados do evento.

Ainda segundo a assessoria de imprensa da USP, a reitora publicou uma portaria interna no dia 16 de maio recomendando que os diretores das unidades liberassem os delegados e quem mais quisesse participar do congresso. "A disposição da reitoria é sempre dialogar", informou a assessoria de imprensa, acrescentando que apenas os seguranças da reitoria estão dentro do prédio.

“Pedimos a presença da imprensa ou de professores para garantir que a nossa integridade física fosse preservada, mas os policiais não autorizaram e foram nos colocando dentro do ônibus, como criminosos”, lembra. 

A jovem afirma temer alguma punição administrativa por parte da universidade.

“Não tinha motivos para a PM invadir o local porque a ocupação foi pacífica e estávamos mantendo a ordem. Não foi isso que eu sonhei para a minha vida acadêmica”, lamentou. 

A assessoria de imprensa da Unesp disse que ainda não foi informada se haverá alguma punição administrativa contra os estudantes, mas afirmou que os todos os casos serão investigados. No entanto, segundo o delegado seccional de Araraquara, Valmir Eduardo Granucci, os alunos responderão pelos crimes de invasão a prédio público e descumprimento de determinação judicial, já que a ordem de reintegração de posse foi expedida pela Justiça no dia 14 de junho e os alunos continuaram no local.
 
 Ocupações

Outras quatro unidades da Unesp estão ocupadas por estudantes. São elas: Ourinhos (a 370 km da capital paulista), Rio Claro (175 km), Assis (427 km) e Franca (400 km).