G1 - O Portal de Notícias
     www.g1.globo.com

03/03/2007 - 12h37m - Atualizado em 03/03/2007 - 15h29m

Lula defende limitar greve de servidores

Para presidente, há abuso de greve no setor público e outras categorias.
Na década de 70, Lula liderou greves dos metalúrgicos no ABC paulista.
Da Agência Estado, com G1, em São Paulo
 
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse neste sábado (3) que só um governo formado por ex-sindicalistas, como o chefiado por ele, tem autoridade para estabelecer a proibição de greve em setores essenciais do funcionalismo público. Ao defender a proposta de limitar as paralisações, Lula criticou supostos abusos cometidos pelos sindicalistas.

"Cada um de nós paga o preço pelos exageros que cometemos", afirmou ele, em rápida entrevista antes de participar, na capital da Guiana, de um encontro com presidentes do Caribe e da América do Sul. Na véspera, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, informara em Brasília que o governo pretende enviar para o Congresso um projeto estabelecendo limites para as greves no serviço público.

Indagado se havia abuso em paralisações de servidores em áreas como saúde e controle de vôos, o presidente Lula foi cuidadoso. "Há abuso de greve não apenas no setor público, mas em outras categorias", afirmou. "Na verdade, o que queremos garantir na organização do trabalho do Brasil é maior responsabilidade, maior liberdade e, portanto, mais atos conseqüentes de todos nós."

Lula afirmou que nos anos 70, quando ele presidia o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e liderava greves, tinha a preocupação de garantir o funcionamento de determinado serviços das empresas. "Nós acordávamos que alguns setores não deviam parar, não aconteceria nada", disse. "Num momento, é possível concluir que um setor não pode fazer greve e, no outro, pode."

O que o governo pretende enviar ao Congresso é um projeto ratificando a Convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), texto do qual o Brasil é signatário e que estabelece regras para greves. O presidente assegurou que o projeto vai garantir a livre contratação do trabalho e maior liberdade de negociação.

"Quando se fala em regulamentação, pode ou não limitar greve, depende dos acordos que fizer", disse. "Com a liberdade para negociar, vai ter que aumentar as responsabilidades do governo e dos sindicatos. Tudo fica mais fácil quando as pessoas têm responsabilidade."

Ao comentar a reação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que na véspera já se manifestara contra a proibição à greve em setores essenciais do serviço público, Lula avaliou que há um mal entendido. "Talvez a CUT esteja chateada com a manchete do jornal", declarou. "Mas pergunte se ela é contra a convenção."

A proposta, segundo o presidente, garante liberdade de negociação entre patrões e empregados. "Vai ter mais responsabilidade", previu. "Quando sentarmos à mesa de negociação, vamos saber que a coisa é para valer. Um contrato coletivo anunciado precisa ser cumprido."

 Greve de servidores

Na sexta-feira, o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, defendeu limites à paralisação no serviço público. “Nós precisamos definir numa lei o que a Constituição prevê. Temos de preservar o direito do servidor, mas também o atendimento ao cidadão e os interesses da sociedade. Se o serviço é essencial, precisamos saber os limites”, disse o ministro.

“Em alguns serviços essenciais, tem que ser proibida a greve”, afirmou Bernardo, na sexta, após se reunir com o presidente Lula no Palácio da Alvorada.