![]() Manifestantes decidem furar bloqueio da PM (Foto: Luísa Brito/G1) |
Pelo menos 20
policiais da Força Tática da Polícia
Militar de São Paulo tentaram impedir o
manifesto de um grupo formado por cerca
de 300 estudantes e funcionários da
Universidade de São Paulo, nesta
quinta-feira (21), mas recuaram quando
os manifestantes avançaram contra os
policiais aos gritos de "polícia não,
abaixo a repressão" e "polícia não, viva
a ocupação".
Carregando escudos e cassetetes para se
proteger, os policiais começaram a
caminhar para trás quando o grupo
decidiu enfrentá-los e seguir com a
caminhada até o portão principal da
universidade. Sem alternativa diante do
enfrentamento, os policiais abriram
espaço para o protesto continuar.
Segundo o comandante da ação,
identificado como capitão Del Rei, os
policiais não estão no local para
brigar. "Não queremos violência",
disse.
Um dos diretores do Sindicato dos Trabalhadores da USP, Magno de Carvalho, enfrentou o comando da PM. "Você [comandante da PM] não fique na frente, que nós vamos passar", disse durante a passeata. Segundo o diretor, a polícia tentou impedir que os manifestantes saíssem do local para mostrar à população a força do movimento.
![]() Estudante grita com policial durante passeata (Foto: Luísa Brito/G1) |
Depois de furar o bloqueio policial, os estudantes e funcionários saíram da USP e seguiram em passeata pelo entorno do campus, passando pela Rua Alvarenga, Avenida Vital Brasil, Rua Camargo e Avenida Afrânio Peixoto, na Zona Oeste de São Paulo. Em seguida, os manifestantes retornaram ao campus. O ato complicou o trânsito na região.
Após entrarem na universidade, os alunos foram acompanhandos por um grupo de cerca de 15 policiais, que seguia a passeata para impedir que voltasse a tomar as ruas. Os estudantes se voltaram contra a presença dos policiais e começaram a gritar "fora PM, fora PM". Na tentativa de expulsar o grupo do campus, os manifestantes diziam que a universidade tinha autonomia e a polícia não poderia ficar dentro da instituição.
![]() Manifestantes caminham em direção ao bloqueio da PM na USP (Foto: Luísa Brito/G1) |
O clima ficou tenso e alguns policiais em motocicletas e viaturas recuaram e se afastaram do protesto. Um deles, ao sair com o carro, chegou a atirar spray de pimenta contra os manifestantes.
O comandante da
operação, coronel Alaor José Gasparo, e
outros três policiais resistiram à
pressão dos manifestantes e permaneceram
no local. "Nossa intenção é disciplinar
o trânsito, não estamos aqui para
repressão. Eles têm o direito de se
manifestar, mas não podem causar
interferência grave no tráfego",
afirmou. Questionado sobre o uso do
spray de pimenta, ele disse que alguns
artefatos são necessários para conter a
multidão. "Eles vieram para cima da
tropa", disse.
Com o impasse, os manifestantes
desistiram do embate com a PM e seguiram
em passeata até o anfiteatro da
faculdade de geografia, onde encontraram
cerca de 30 professores que faziam um
ato contra a ação da PM, na
madrugada desta quarta-feira (20), no
campus da Universidade Estadual Paulista
(Unesp) de Araraquara. Os participantes,
então, se dispersaram e parte dos alunos
voltou para a reitoria ocupada.
A passeata dos alunos e funcionários foi organizada para protestar contra o fato de a Tropa de Choque da Polícia Militar ter retirado cerca de 120 alunos que ocupavam o campus da Unesp em Araraquara, a 273 km de São Paulo.
O ato também pede a reabertura de negociações com a reitora da universidade, Suely Vilela. "Somos contra a presença da PM no campus e queremos voltar a conversar com a reitora. Não podemos desocupar sem a definição das reivindicações que serão atendidas pela reitoria", afirmou Magno de Carvalho, diretor do Sintusp.
A reitoria da USP afirmou nessa quarta em comunicado à imprensa que só voltará a negociar com os alunos se eles desocuparem o prédio invadido desde o dia 3 de maio.
"A posição da
Reitoria, após a última reunião
realizada com representantes de alunos e
funcionários, em 04/06/2007, é de que
não haverá negociação com os ocupantes
sem a prévia desocupação do prédio", diz
a nota enviada pela assessoria de
imprensa da instituição.
Segundo o texto, a pauta específica dos
funcionários será tratada assim que
houver a desocupação. No comunicado, a
assessoria afirma também que não foi
agenda reunião para esta terça-feira
(19) como afirmaram os alunos.
Nesta quarta, os estudantes que ocupam o prédio da reitora entregaram uma carta ao chefe de gabinete da administração da entidade, Alberto Carlos Amadio, solicitando uma reunião com a reitora, Suely Vilela, para as 10h desta quinta-feira (21).
A carta está com a assinatura de Amadio que escreveu ter recebido o documento às 11h15. O texto enumera os condicionantes estipulados pelos alunos para deixar o prédio invadido. No primeiro tópico, que fala das punições, os estudantes pedem que não haja retaliação "pelos eventuais prejuízos materiais relacionados ao direito à greve e a à ocupação".
Os outros itens pedem uma discussão sobre a estatuinte da USP, uma audiência pública sobre o programa de inclusão da universidade (Inclusp), mais assistência e moradia estudantil, reforma de prédios, entre outros pontos.