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21/06/2007 - 11h31 - Atualizado em 21/06/2007 - 14h34

Manifestantes furam bloqueio da PM na USP

Funcionários e alunos enfrentaram a PM, que recuou e abriu passagem.
Grupo quer reabrir as negociações com a reitora da universidade.
Luísa Brito Do G1, em São Paulo

Manifestantes decidem furar bloqueio da PM
(Foto: Luísa Brito/G1)

Pelo menos 20 policiais da Força Tática da Polícia Militar de São Paulo tentaram impedir o manifesto de um grupo formado por cerca de 300 estudantes e funcionários da Universidade de São Paulo, nesta quinta-feira (21), mas recuaram quando os manifestantes avançaram contra os policiais aos gritos de "polícia não, abaixo a repressão" e "polícia não, viva a ocupação".

Carregando escudos e cassetetes para se proteger, os policiais começaram a caminhar para trás quando o grupo decidiu enfrentá-los e seguir com a caminhada até o portão principal da universidade. Sem alternativa diante do enfrentamento, os policiais abriram espaço para o protesto continuar. Segundo o comandante da ação, identificado como capitão Del Rei, os policiais não estão no local para brigar. "Não queremos violência", disse. 

Um dos diretores do Sindicato dos Trabalhadores da USP, Magno de Carvalho, enfrentou o comando da PM. "Você [comandante da PM] não fique na frente, que nós vamos passar", disse durante a passeata. Segundo o diretor, a polícia tentou impedir que os manifestantes saíssem do local para mostrar à população a força do movimento.


Estudante grita com policial durante passeata
(Foto: Luísa Brito/G1)

Depois de furar o bloqueio policial, os estudantes e funcionários saíram da USP e seguiram em passeata pelo entorno do campus, passando pela Rua Alvarenga, Avenida Vital Brasil, Rua Camargo e Avenida Afrânio Peixoto, na Zona Oeste de São Paulo. Em seguida, os manifestantes retornaram ao campus. O ato complicou o trânsito na região. 

Após entrarem na universidade, os alunos foram acompanhandos por um grupo de cerca de 15 policiais, que seguia a passeata para impedir que voltasse a tomar as ruas. Os estudantes se voltaram contra a presença dos policiais e começaram a gritar "fora PM, fora PM". Na tentativa de expulsar o grupo do campus, os manifestantes diziam que a universidade tinha autonomia e a polícia não poderia ficar dentro da instituição.

Nova tensão

Manifestantes caminham em direção ao bloqueio da PM
na USP (Foto: Luísa Brito/G1)

O clima ficou tenso e alguns policiais em motocicletas e viaturas recuaram e se afastaram do protesto. Um deles, ao sair com o carro, chegou a atirar spray de pimenta contra os manifestantes.

O comandante da operação, coronel Alaor José Gasparo, e outros três policiais resistiram à pressão dos manifestantes e permaneceram no local. "Nossa intenção é disciplinar o trânsito, não estamos aqui para repressão. Eles têm o direito de se manifestar, mas não podem causar interferência grave no tráfego", afirmou. Questionado sobre o uso do spray de pimenta, ele disse que alguns artefatos são necessários para conter a multidão. "Eles vieram para cima da tropa", disse.

Com o impasse, os manifestantes desistiram do embate com a PM e seguiram em passeata até o anfiteatro da faculdade de geografia, onde encontraram cerca de 30 professores que faziam um ato contra a ação da PM, na madrugada desta quarta-feira (20), no campus da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara. Os participantes, então, se dispersaram e parte dos alunos voltou para a reitoria ocupada.

 Motivos

A passeata dos alunos e funcionários foi organizada para protestar contra o fato de a Tropa de Choque da Polícia Militar ter retirado cerca de 120 alunos que ocupavam o campus da Unesp em Araraquara, a 273 km de São Paulo.

O ato também pede a reabertura de negociações com a reitora da universidade, Suely Vilela. "Somos contra a presença da PM no campus e queremos voltar a conversar com a reitora. Não podemos desocupar sem a definição das reivindicações que serão atendidas pela reitoria", afirmou Magno de Carvalho, diretor do Sintusp.

 Só com desocupação

A reitoria da USP afirmou nessa quarta em comunicado à imprensa que só voltará a negociar com os alunos se eles desocuparem o prédio invadido desde o dia 3 de maio.

"A posição da Reitoria, após a última reunião realizada com representantes de alunos e funcionários, em 04/06/2007, é de que não haverá negociação com os ocupantes sem a prévia desocupação do prédio", diz a nota enviada pela assessoria de imprensa da instituição.

Segundo o texto, a pauta específica dos funcionários será tratada assim que houver a desocupação. No comunicado, a assessoria afirma também que não foi agenda reunião para esta terça-feira (19) como afirmaram os alunos.

Nesta quarta, os estudantes que ocupam o prédio da reitora entregaram uma carta ao chefe de gabinete da administração da entidade, Alberto Carlos Amadio, solicitando uma reunião com a reitora, Suely Vilela, para as 10h desta quinta-feira (21).

A carta está com a assinatura de Amadio que escreveu ter recebido o documento às 11h15. O texto enumera os condicionantes estipulados pelos alunos para deixar o prédio invadido. No primeiro tópico, que fala das punições, os estudantes pedem que não haja retaliação "pelos eventuais prejuízos materiais relacionados ao direito à greve e a à ocupação".

Os outros itens pedem uma discussão sobre a estatuinte da USP, uma audiência pública sobre o programa de inclusão da universidade (Inclusp), mais assistência e moradia estudantil, reforma de prédios, entre outros pontos.