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01/07/2007 - 08h04

Para pais, ocupação da USP foi importante na formação dos filhos

Segundo eles, integrar o movimento promove crescimento pessoal para os estudantes.
Eles dizem que não acreditavam na ação da polícia no local.
Luísa Brito Do G1, em São Paulo

Para os pais de estudantes que participaram da ocupação da reitoria da Universidade de São Paulo (USP) ouvidos pelo G1, foi importante na formação de seus filhos estar presente no movimento. "Percebi que a minha filha está assumindo os ideais dela e sabe lutar por eles. Minha missão como pai foi cumprida, consegui formar uma cidadã", disse o jornalista Adalberto Marcondes, cuja filha é aluna de letras.

 
Marcondes diz estar realizado por filha assumir ideais e saber lutar por eles (Foto:Arquivo pessoal)

Marcondes teve uma experiência parecida com a da filha. Ele integrou um grupo que invadiu durante três meses o Conjunto Residencial da USP (Crusp) em 1979.

A reitoria foi invadida por um grupo de cerca de 300 estudantes e permaneceu ocupada de 3 de maio a 22 de junho. Os alunos se alimentavam e dormiam no local. O movimento só foi encerrado após os estudantes fazerem um acordo com a administração da universidade.

Para o tenente-coronel da Aeronáutica, Luiz Carlos, de 47 anos, pai de outra aluna que participou da ocupação, integrar um movimento estudantil é sinal de maturidade política. "No geral, acho que foi positivo para ela. Ela aprendeu que não se ganha sempre e que negociar é fundamental", diz. Ele não quis dizer o sobrenome porque também é estudante da USP.

Armando (que não quis revelar o sobrenome para não prejudicar o filho) também vê pontos positivos. "Foi importante na formação pessoal e profissional dele. Faz parte da vida universitária e social", afirmou. Ele conta ter participado de movimentos estudantis na época da ditadura militar.

Os pais disseram não ter temido a ação da polícia numa possível reintegração de posse porque não acreditavam que isso poderia ocorrer. "Seria suicídio político do governo e da reitora", opinou Luiz Carlos.

Os três afirmaram que telefonavam sempre para os filhos para saber como estavam e se precisavam de alguma ajuda. Nenhum deles tentou interferir na opção dos estudantes pedindo para que deixassem a ocupação. "Não adiantaria pedir", diz Adalberto.

Eles evitam falar sobre o fato de a ocupação ter demorado muito. Para os pais, o tempo foi determinado pelos estudantes. "Eles saíram na hora que se mostrou mais conveniente", avalia Armando. Na visão deles o movimento foi vitorioso em suas conquistas. "A partir de agora, a gestão da universidade vai levar os estudantes mais à sério porque o movimento deles mostrou uma mobilização que ninguém imaginava", diz Adalberto.