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Marcondes diz estar realizado por filha assumir ideais e saber lutar por eles (Foto:Arquivo pessoal)
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Marcondes teve uma experiência parecida com a da filha. Ele integrou um grupo que invadiu durante três meses o Conjunto Residencial da USP (Crusp) em 1979.
A reitoria foi invadida por um grupo de cerca de 300 estudantes e permaneceu ocupada de 3 de maio a 22 de junho. Os alunos se alimentavam e dormiam no local. O movimento só foi encerrado após os estudantes fazerem um acordo com a administração da universidade.
Para o tenente-coronel da Aeronáutica, Luiz Carlos, de 47 anos, pai de outra aluna que participou da ocupação, integrar um movimento estudantil é sinal de maturidade política. "No geral, acho que foi positivo para ela. Ela aprendeu que não se ganha sempre e que negociar é fundamental", diz. Ele não quis dizer o sobrenome porque também é estudante da USP.
Armando (que não quis revelar o sobrenome para não prejudicar o filho) também vê pontos positivos. "Foi importante na formação pessoal e profissional dele. Faz parte da vida universitária e social", afirmou. Ele conta ter participado de movimentos estudantis na época da ditadura militar.
Os pais disseram não ter temido a ação da polícia numa possível reintegração de posse porque não acreditavam que isso poderia ocorrer. "Seria suicídio político do governo e da reitora", opinou Luiz Carlos.
Os três afirmaram que telefonavam sempre para os filhos para saber como estavam e se precisavam de alguma ajuda. Nenhum deles tentou interferir na opção dos estudantes pedindo para que deixassem a ocupação. "Não adiantaria pedir", diz Adalberto.
Eles evitam falar sobre o fato de a ocupação ter demorado muito. Para os pais, o tempo foi determinado pelos estudantes. "Eles saíram na hora que se mostrou mais conveniente", avalia Armando. Na visão deles o movimento foi vitorioso em suas conquistas. "A partir de agora, a gestão da universidade vai levar os estudantes mais à sério porque o movimento deles mostrou uma mobilização que ninguém imaginava", diz Adalberto.