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Lei que agiliza o divórcio é aprovada |
8/7/2010 |
Área de Atuação: Família |
O divórcio no Brasil vai mudar. O plenário do Senado aprovou
ontem, em último turno, a chamada PEC (Proposta de Emenda à
Constituição) do divórcio direto. Essa alteração no texto constitucional acaba com os prazos atualmente necessários entre o fim da convivência do casal e o divórcio e ainda tira da Constituição a figura da separação formal. Hoje a regra é a seguinte: o divórcio pode ser pedido após um ano da separação formal (judicial ou no cartório) ou após dois anos da separação de fato (quando o casal deixa de viver junto). A partir da publicação dessa emenda constitucional, o pedido
de divórcio poderá ser imediato, feito assim que o casal decidir
pelo término do casamento. Bastante polêmica, a matéria já foi chamada de "PEC do desamor", pelos que argumentam que ela facilita indevidamente o fim do casamento, e de "PEC do amor", pelos que entendem que a proposta vai encurtar o trâmite do divórcio e facilitar o início de novas relações. "Milhares de pessoas se separam e se divorciam por ano no Brasil, é um benefício. Vai economizar custos processuais, honorários advocatícios e sofrimento", afirmou um dos principais articuladores da proposta, o deputado federal Sérgio Barradas Carneiro (PT-BA). Polêmica "Nos países em que [o divórcio direto] foi adotado, há pessoas que casam e descasam em semanas." Crivella disse que fará um recurso à CCJ (Comissão de
Constituição e Justiça), pois haveria, segundo ele, menos votos
a favor do que o mínimo para a aprovação. A lei acaba com os prazos de pedido de divórcio, mas este em si não foi diretamente alterado. Ou seja: nele, continuam inclusas as discussões sobre filhos, patrimônio e pensão alimentícia. Para defensores da aprovação, mudança deverá impor maior responsabilidade aos casais na decisão Durante sua tramitação, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do divórcio direto, como ficou conhecida, levantou polêmica, principalmente nos setores ligados a instituições religiosas. Há um ano, pouco depois de a PEC ter chegado ao Senado, vinda de uma aprovação rápida na Câmara, a proposta ficou na mira de parlamentares ligados à Igreja Católica, chegando a "estacionar" durante um mês em razão desse lobby. No fim do ano passado, a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) classificou a proposta como "promoção do divórcio". "Fomenta a irresponsabilidade, promove a facilidade e não deixa espaço à ponderação", defendeu o Conselho Episcopal de Pastoral em 2009. A CNBB mantém a linha de defender que não haja o divórcio. Mas, frente ao que considera a banalização do casamento, a entidade se posiciona a favor da manutenção de um "prazo de reflexão", mesmo que de seis meses, para que o processo do divórcio possa ser iniciado. No posicionamento de 2009, em que expressa sua "preocupação em favor da família", a CNBB defende a reflexão antes do divórcio. "Ninguém ignora que a vida conjugal tem os seus momentos: alegria, felicidade e dificuldades. Todavia, as dificuldades tornam o amor mais adulto, mais maduro e consciente. A ponderação e o aconselhamento são fundamentais diante desta decisão difícil", diz nota de dezembro da entidade. Os defensores da PEC rejeitam o carimbo de contrários à
família. "Quem se opõe à proposta diz que esse é o divórcio
instantâneo, o fim da família. É um discurso moralista. O
divórcio da forma como a PEC propõe imprime mais
responsabilidade às pessoas: elas terão que ter mais
responsabilidade com o destino das suas relações", afirma
Rodrigo da Cunha Pereira, presidente do IBDFAM (Instituto
Brasileiro de Direito de Família). Intervenção do Estado é reduzida, afirma advogado Rodrigo da Cunha Pereira, presidente do IBDFAM (Instituto Brasileiro de Direito de Família), diz que a PEC reduz a intervenção do Estado na vida particular. Folha - O que significa a aprovação da PEC? Quais as consequências? E quem é separado hoje? Fonte: Folha de S.Paulo (08.07.10) |