Governo estuda aposentadoria com idade mínima
As contas não fecham. A Previdência Social deve terminar o ano com rombo de R$ 41 bilhões. Segundo especialistas, é preciso adotar mudanças urgentes para que os empregados que entram hoje no mercado de trabalho possam ter, no futuro, a garantia de uma aposentadoria digna. E a principal mudança (a idade mínima para se aposentar) começará a ser discutida em 2007 e tem o aval do governo, segundo o ministro da Previdência, Nelson Machado.
As contas
não fecham.
A
Previdência
Social deve
terminar o
ano com
rombo de R$
41 bilhões.
Segundo
especialistas,
é preciso
adotar
mudanças
urgentes
para que os
empregados
que entram
hoje no
mercado de
trabalho
possam ter,
no futuro, a
garantia de
uma
aposentadoria
digna.
E a
principal
mudança (a
idade mínima
para se
aposentar)
começará a
ser
discutida em
2007 e tem o
aval do
governo,
segundo o
ministro da
Previdência,
Nelson
Machado.
"Imagino que
a discussão
vá se
aprofundar
em 2007 e
acho que
teremos de
discutir uma
coisa ou
outra: se
for para
eliminar o
fator
previdenciário,
é preciso
impor a
idade mínima
[para as
aposentadorias
por tempo de
contribuição]."
O fator
previdenciário,
muito
criticado e
alvo de
modificações
em projetos
no
Congresso,
começou a
ser aplicado
em dezembro
de 1999. Ele
funciona
como um
redutor
(0,5% ao
mês), com
base na
expectativa
de vida do
trabalhador.
Ele foi
aplicado por
cinco anos,
de forma
que, em
novembro de
2004, seus
efeitos se
tornaram
plenos,
reduzindo os
benefícios
em pelo
menos 30%.
Quanto mais
cedo se
aposenta,
menor é o
benefício do
trabalhador.
Só que,
mesmo assim,
segundo o
Ipea
(Instituto
de Pesquisa
Econômica
Aplicada), o
brasileiro
ainda se
aposenta
cedo: média
de 52 anos
no caso das
mulheres e
de 57 anos
para os
homens.
"Como
estamos
vivendo
mais, até
acho natural
que se
discuta qual
é a idade em
que se possa
efetivamente
entrar em
gozo da
aposentadoria",
afirma
Machado.
Para Fábio
Giambiagi,
economista
do Ipea e
autor do
livro
"Reforma da
Previdência"
(Editora
Campus/Elsevier),
a idade
mínima para
se aposentar
por tempo de
contribuição
deve ser de
55 anos para
as mulheres
e 60 para os
homens. "Há
países
europeus que
adotaram 65
anos para
ambos."
Com a
evolução da
expectativa
de vida do
trabalhador
brasileiro,
a idade
mínima
aumentaria.
Hoje, para
se aposentar
por idade, é
preciso ter
65 anos
(homens) e
60 anos
(mulheres).
Mas o que
preocupa é
que, segundo
o Ipea, a
população
com mais de
60 anos em
2030 deve
ser o dobro
da atual.
Significa
dizer que,
dentro de 24
anos, 17% da
população
brasileira
será de
idosos
(hoje, está
em 8,9%). Ou
seja, além
da maior
expectativa
de vida de
seus
segurados, o
INSS terá de
pagar
benefícios
para mais
aposentados
e por mais
tempo.
"As coisas
mais
importantes
neste
momento são
a ampliação
da gestão, a
inclusão
previdenciária
e o
crescimento
econômico.
Tem também,
em algum
momento, a
discussão da
idade. Para
mim não é
tabu. O tema
precisa ser
bem
discutido",
diz o
ministro.
Como é hoje
Para se
aposentar
por tempo de
contribuição,
basta
contribuir
para o INSS
por 35 anos
(homens) e
por 30 anos
(mulheres).
Os
professores
contribuem
por 30 anos;
as
professoras,
por 25 anos.
Hoje, não há
idade
mínima.
Como o
brasileiro
começa a
trabalhar
cedo, ele
também se
aposenta
cedo. O
problema é o
tempo de
pagamento do
benefício. A
mulher que
se aposenta
com 52 anos
de idade tem
expectativa
de vida de
mais 28,6
anos,
segundo o
IBGE
(Instituto
Brasileiro
de Geografia
e
Estatística).
Já o homem
que se
aposenta com
57 anos deve
viver mais
21,2 anos. É
por todo
esse tempo
que o INSS
deve pagar
benefícios,
e o sistema
não está
preparado
para isso.
Idades
iguais
Outra
mudança na
aposentadoria
que deveria
ser adotada,
segundo
especialistas,
é o fim da
diferença de
idade entre
homens e
mulheres.
"Aos poucos,
essa
diferença de
cinco anos
adotada hoje
deve ir
diminuindo",
afirma o
advogado
Wladimir
Novaes
Martinez,
especialista
em
legislação
previdenciária.
A diferença
se explica
porque a
mulher, além
do trabalho,
teria os
afazeres
domésticos.
Mas, com a
vida moderna
e a melhor
divisão de
tarefas da
casa entre
mulher e
homem, as
coisas
mudaram um
pouco. "Por
isso, é
preciso
diminuir
essa
diferença de
idade aos
poucos."
Martinez diz
que um
período de
15 anos, por
exemplo,
seria
razoável -a
cada três a
diferença
cairia um
ano.
Outra
sugestão de
Martinez é
criar um
seguro-desemprego
mais longo
para os
trabalhadores
com mais de
45 anos. "É
muito
difícil
voltar ao
mercado com
essa idade.
Muitos optam
pela
aposentadoria
para ter
renda fixa.
Se houvesse
um
seguro-desemprego
mais longo,
o
trabalhador
teria mais
tranqüilidade
para
procurar
emprego."
O
especialista
em finanças
públicas
Raul Velloso
diz que a
idade mínima
deve ser uma
medida
urgente.
Para ele,
outro item
que deveria
ser revisto
é a fórmula
para
calcular a
aposentadoria.
"O benefício
hoje é alto
em relação à
contribuição,
pois é
preciso
considerar
também as
pensões e os
auxílios."
Adriano
Biava,
professor do
Departamento
de Economia
da FEA/USP,
diz que tudo
deve ser bem
discutido.
"O governo
deve ouvir
trabalhadores,
patrões e
especialistas
antes de
adotar
qualquer
medida."
Mínimo
influencia
O déficit da
Previdência
é muito
influenciado
pelo valor
do salário
mínimo, já
que, dos
24,3 milhões
de
benefícios
pagos no
país, 16,4
milhões
(67,4%)
valem até R$
350.
Economistas
são unânimes
em dizer que
as
aposentadorias
não deveriam
ser
indexadas ao
mínimo.
Segundo
Velloso, se
fosse apenas
aplicada a
inflação
para o
reajuste dos
benefícios,
de 1999 até
2006 a
economia
seria de R$
17 bilhões.
Fonte: Agora São Paulo