Jornal Tribuna Impressa de Araraquara
03/10/07

Três estudantes são condenados por ocupação da Unesp

3/10/2007- Ato ocorreu em junho, quando os alunos protestavam por melhorias; eles devem pagar R$ 1 mil

Arquivo Tribuna/Cláudio Dias
Foto: Arquivo Tribuna/Cláudio Dias
Embora 120 estudantes tenham participado do ato, apenas Lara, Júlia e Tiago respondem a processo pela ocupação do campus de Araraquara
 
Três alunos da Universidade Estadual Paulista (Unesp), campus de Araraquara, viraram réus e foram condenados em primeira instância pela Justiça por terem participado da ocupação do prédio da diretoria da Faculdade de Ciências e Letras (FCL) em junho, que durou oito dias e só terminou com ações da Polícia Militar (PM).

Os estudantes foram condenados a pagar R$ 1 mil cada um em processo cível aberto quando a universidade foi à Justiça pedir a reintegração de posse do prédio. A condenação ocorre mesmo após os três terem recebido promessa do reitor Marcos Macari de que não seriam punidos pelo ato. O acordo com o reitor, que veio a Araraquara, foi firmado após a retirada dos alunos do prédio e teve a intermediação do prefeito Edinho Silva (PT), e a participação de Cláudio Gomide, diretor da FCL. No encontro, a Unesp prometeu aos estudantes que não daria seqüência a nenhuma denúncia contra eles na Justiça. Embora cerca de 120 alunos tenham participado da invasão, o processo está em nome apenas dos três, que teriam sido identificados pelo oficial de Justiça no ato da entrega do mandado de reintegração de posse - os demais foram incluídos no processo como “não-identificáveis”. Os alunos Júlia Eid, 23, Lara Spoto, 24, e Tiago de Oliveira, 24, também foram condenados a pagar os honorários advocatícios do processo. Os três vão recorrer da decisão.

Para eles, que sofrem processo interno por participarem de ato contra a instalação de caixas bancários no campus em março, quando houve quebra dos caixas e pichações, a Unesp os persegue politicamente. “Fomos colocados como responsáveis tanto pela quebra dos bancos quanto pela ocupação. A diretoria [da FCL] entregou para a Justiça nossa ficha acadêmica, está no processo”, disse Oliveira. A Unesp negou que tenha fornecido os dados e disse que o fato de os três já serem “conhecidos” pode ter servido para que fossem identificados por algum funcionário. (Folhapress)

Na ocasião, campus foi tomado pela Tropa de Choque

 A ocupação do campus da Unesp foi um dos episódios mais tensos da série de protestos registrados em universidades paulistas públicas neste ano.

Após oito dias, 93 alunos foram retirados da diretoria da FCL por cerca de 180 policiais militares, sendo 30 da Tropa de Choque de São Paulo. A ação ocorreu na madrugada e foi alvo de protestos dos estudantes, que foram levados para a delegacia em ônibus e identificados pela Polícia Civil. No outro dia, o campus foi tomado pela direção e ficou fechado, sem permitir que alunos entrassem no local. (Folhapress)