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São Paulo, 21 de dezembro de 2007
Valor Econômico
Brasil
Unesp quer atuar no ensino profissional e médio na capital
Cibelle Bouças e Denise NeumannA Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp) - com 33 unidades espalhadas em 23 cidades paulistas - planeja entrar com força no Ensino Médio. Um projeto para instalar um centro de educação profissional na Zona Leste da capital paulista foi aprovado pelo conselho universitário e desde ontem está na mesa do governador José Serra (PSDB-SP) à espera de sua avaliação e aprovação. Segundo representantes do governo que participaram de reunião entre Serra e os secretários Mauro Ricardo Costa (Fazenda), Aloysio Nunes (Casa Civil), Francisco Luna (Planejamento), e Carlos Vogt (Ensino Superior), o interesse é de que o projeto saia do papel já em 2008.
O projeto do Centro de Convenções e de Educação Profissional da Unesp está orçado em R$ 273 milhões para a fase de implantação, com inauguração prevista em 2010, caso a proposta seja aprovada e as obras se iniciem no próximo ano. O reitor da Unesp, Marcos Macari, conta que o projeto surgiu de uma conversa entre ele, José Serra (à época, ainda prefeito de São Paulo) e Gilberto Kassab, então vice-prefeito. Serra e Kassab chamaram Macari para propor à Unesp a construção de uma faculdade com cursos de tecnologia na região da Zona Leste de São Paulo. Em função do perfil dos estudantes da região, no entanto, a universidade fez a contraproposta com a criação de cursos de ensino médio, profissionalizantes e de tecnólogos.
Macari é um entusiasta do projeto, no qual vê um potente instrumento de inclusão social. A idéia inicial da prefeitura (de instalar cursos superiores da Unesp na Zona Leste), diz ele, atrairia para a região alunos da "Zona Sul", que, melhor formados em escolas privadas, ocupariam vagas de novos cursos públicos de ensino superior. "Um projeto de inclusão precisa começar antes do vestibular", argumenta Macari. Para ele, o ensino médio profissionalizante seria a porta de entrada desses alunos para uma formação de ensino superior. A idéia é de um ensino verticalizado, no qual este estudante pode chegar a um curso da Unesp por mérito, sendo, em última instância, dispensado de uma prova tipo vestibular, explica o reitor
De acordo com a proposta, o centro vai oferecer o curso de Ensino Médio, associado a um curso profissionalizante, atendendo a 15 mil estudantes por ano. Entre os cursos sugeridos estão os de agente de turismo, automação e controle, eletrônica, mecânica, desenho, gestão de recursos humanos e hotelaria. A grade curricular, segundo Macari, seria mais flexível, permitindo ao aluno fazer disciplinas que considerar mais adequadas ao perfil profissional que busca. "O centro também poderá receber pessoas que já concluíram o ensino médio, mas querem o curso profissionalizante", observa. O projeto contempla ainda a criação de cursos superiores técnicos, com duração de quatro anos, e a possibilidade de ex-alunos de classes de baixa renda obterem bolsas para os cursos de graduação da Unesp.
Macari sonha alto. Na sua visão, os professores do projeto precisam ser bem pagos, algo perto de R$ 40 a hora-aula para o ensino médio e R$ 80 nos cursos tecnológicos, valores que superam, em muito, os hoje recebidos pelos professores das Fatecs, também do Estado. Segundo Macari, nessas escolas, a hora-aula varia em torno de R$ 8.
A Unesp já possui colégios técnicos em Bauru, Taguatinguetá e Jaboticabal, reunindo em torno de 390 estudantes no interior do Estado. "Há um grande interesse em oferecer um ensino médio de alta qualidade. Claro, a aprovação depende de aprovação dos governos municipal e estadual e dos colegiados da universidade. Após a aprovação, será discutida a melhor maneira de implantar os cursos."
A aprovação depende de uma parceria com a Prefeitura de São Paulo - que já ofereceu um terreno em Itaquera de 24 mil metros quadrados, mas o projeto da Unesp contempla uma área de 100 mil metros quadrados - e com o governo do Estado, para a liberação de recursos para a contratação de profissionais e realização das obras. A idéia, segundo o reitor, é fazer um contrato de gestão de recursos, como ocorre hoje com o Hospital de Bauru, administrado pela Unesp com recursos do governo estadual. A Prefeitura cederia o terreno e se ocuparia das instalações. A prefeitura não quis se pronunciar sobre o assunto.
O projeto foi entregue ao governador durante evento realizado ontem com as universidades estaduais paulistas USP, Unicamp e Unesp, para oficializar a liberação de um crédito suplementar de R$ 100 milhões para investimentos em ensino, pesquisa, extensão e na assistência prestada por suas unidades hospitalares. Do total de recursos, R$ 50 milhões irão para a USP, R$ 26,5 milhões para a Unesp e R$ 23,5 milhões para a Unicamp.
Com o recurso, as universidades investirão nas áreas de ensino de graduação e de pós-graduação, infra-estrutura de pesquisa e infra-estrutura dos hospitais universitários. Juntas, USP, Unicamp e Unesp têm cerca de 100 mil alunos de graduação e 50 mil alunos nos programas de pós-graduação e concentram 50% da produção acadêmica e da pesquisa brasileira. (Com agência O Globo)