RESPOSTA AO DIRETOR DA FHDSS
Encontro-me em "estado de choque" com a intervenção do Diretor da FHDSS na campanha eleitoral para Reitor da nossa UNESP. Por meio de uma carta-panfleto distribuída na Faculdade ele manifesta seu apoio ao candidato oficial a Reitor da UNESP. Creio que as pessoas têm o direito de se manifestar abertamente nessa e em outras campanhas eleitorais, independentemente do cargo que ocupam. Mas, conforme o caso, é preciso mais cuidado com a linguagem e com os argumentos. Um Diretor jamais deveria afirmar que a relação existente entre a atual Direção da FHDSS e a atual Reitoria da UNESP (e seu candidato oficial) é a de "parceria" entre ambos. Há aqui um equívoco normativo do Diretor. A Diretoria da FHDSS e Reitoria da UNESP são duas dimensões institucionais e hierárquicas da mesma universidade e, portanto, entre elas não se supõe uma "parceria", mas responsabilidades de gestão. Ao assumir a existência de uma "parceria" se estabelece explicitamente ou se entende que vigora, de forma escancarada, a lógica política do "é dando que se recebe", distante do espírito ou da ética republicana que tanto mal faz a nossa frágil democracia. É absolutamente lamentável ver isso assinado por um Diretor de Unidade da nossa UNESP. O Diretor afirma que o "ápice dessa parceria" foi atingido no processo que "regularizou" junto ao CNE os títulos de doutor para os nossos colegas do Curso de Direito e enfatisa que quem tomou a iniciativa e realizou as gestões para isso foi ele e o candidato oficial a Reitor. Ora, basta convocar alguns dos interessados no caso, como o Professor Paulo Borges, por exemplo, e ele confirmará, serenamente, que tanto a proposta como algumas das gestões do caso foram realizadas pelos professores de Direito afetados pela questão. Assim, essa parte do documento do Diretor não passa de factóide de campanha do mais baixo e sórdido nível, inclusive porque se sabe que, a pedido da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UNESP, o pleito dos professores de Direito junto ao CNE foi retirado de pauta desse Conselho, atrasando mais ainda a deliberação. É lamentável que o Diretor da FHDSS não esclareça que foi a iniciativa dos seus colegas que levou o processo adiante e não a inação da atual gestão da Reitoria da UNESP. Quanto ao tema dos recursos e do investimento no Campus de Franca é absurdo ver difundida a idéia de que o Novo Campus recebeu recursos majorados por iniciativa do atual Reitor (ou melhor, o que se quer enfatizar é que isso veio avalizado pelo "candidato Herman") já que foram ambos, Reitor e Vice-Reitor, que atrasaram em mais de um ano (no mínimo) o inicio das obras porque o próprio Prof. Herman (ou um dos seus subalternos) retirou, de forma desonesta e ilegal, uma folha do processo para que não fosse possível que a obra fosse iniciada. Esse fato foi comprovado pelo Diretor anterior, Prof. Dr. Helio Borghi, e até hoje não esclarecido. Esse é o grande serviço prestado ao Novo Campus de Franca pela atual gestão da Reitoria, especialmente pelo agora "candidato Herman". Não há o que discutir a esse respeito. Tudo o que for dito desse senhor a respeito do Novo Campus de Franca tem que contar com essa informação, a bem da lisura, da honestidade e da verdade. Sobre a política de melhoria do ensino de graduação, a carta do diretor da FHDSS afirma que ela não existia na gestão anterior. O Prof. Ivan Manoel está mal informado. Essa política nasceu na gestão anterior com a criação das "Coordenadorias por Área do Conhecimento", uma das quais – a Coordenadoria da Área de Humanidades – foi coordenada por mim. Nunca é demais recordar que o Prof. Herman, na Chefia da APLO, sempre se mobilizou contra as Coordenadorias, a não ser quando se tratava se sua área específica, a engenharia. No âmbito do projeto das Coordenadorias, o Prof. Herman equipou os cursos de graduação de engenharia, mas dificultou ou impediu que se equipasse os cursos da área de humanidades. Isso é fato pois, como coordenador, eu remeti ao Chefe da APLO (o Prof. Herman aprecia acumular funções e cargos na Reitoria), depois de me reunir várias vezes com os coordenadores de curso, planilhas para compra de equipamento para a área de humanidades (o programa era dividido em três fases em função da falta de recursos da Reitoria à época). Até hoje, não recebi nenhum e.mail como resposta. O Prof. Herman certamente preferiu realizar o programa de melhoria do ensino de graduação quando ele pudesse auferir vantagens políticas com isso, retardando a melhoria para a área de humanas. O mesmo procedimento ele tomou em relação à expansão de vagas da UNESP na gestão anterior (gestão Trindade). Depois de uma sistemática oposição à implantação das então chamadas Unidades Diferenciadas, o Chefe da APLO aderiu à expansão de vagas nas Unidades Tradicionais da UNESP. O sentido da mudança era claro: mandar dinheiro e aprovar projetos em troca de apoio; o "toma lá dá cá" foi instalado para que os candidatos da atual gestão obtivessem o apoio dos Diretores das Unidades Universitárias da UNESP na eleição passada. É o mesmo modelo que se tenta reeditar. É sem propósito apresentar valores relativos à aquisição de livros para a Biblioteca da Unidade quando sabemos como essa gestão é feita na UNESP, valorizando e eqüalizando os pedidos de cada biblioteca, de cada campus. A indicação de que houve um avanço em virtude da descabida "parceria" sugere uma espécie de fisiologismo que agride os bibliotecários da FHDSS e de toda a UNESP. Creio que não é esse o tipo de gestão que almeja a Comunidade Unespiana da FHDSS. A UNESP necessita de um novo estilo de gestão, que a fortaleça como um conjunto e a valorize em toda sua diversidade. Os Conselhos Centrais de administração financeira da UNESP devem responder às suas necessidades por meio de critérios acadêmicos derivados de uma justa visão da UNESP como um todo. A FHDSS não deve se prestar ao "dando é que se recebe" e, agora, ter que pagar por ele. A Comunidade Unespiana de Franca quer uma UNESP nova, democrática e republicana!
Alberto Aggio, professor livre-docente do Departamento de História da FHDSS, campus de Franca. |