Edson
Santos
 |
Abramo:
"A liberdade de nomeação de pessoas para ocupar cargos de
confiança é geradora de corrupção." |
O diretor-executivo da
organização não-governamental (ONG) Transparência Brasil, Claudio
Abramo, fez nesta terça-feira diversas sugestões para que o trabalho
contra a corrupção seja efetivo no País. Uma delas já vem sendo
discutida em reuniões da Câmara: a redução do número de cargos
comissionados. O Brasil tem hoje cerca de 22 mil cargos desse tipo
nas esferas federal, estadual e municipal.
"A liberdade de nomeação de pessoas para ocupar cargos de confiança
é geradora de corrupção, é o principal elemento que surge nesse escândalo
todo", disse Claudio Abramo em reunião na sub-relatoria de Normas
de Combate à Corrupção da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI)
dos Correios. "É um desperdício brutal, desvirtua a função pública
e destrói as relações políticas, que se dão na base de negócios e
não de programas."
Na Alemanha e na Grã-Bretanha, informou Claudio Abramo, cerca de 500
pessoas são indicadas para ocupar cargos de livre nomeação na
administração pública. Já nos Estados Unidos, são 9.050 cargos e, a
cada quatro anos, é divulgada uma lista de todas as indicações políticas
com os respectivos nomes e salários.
Licitações
Cláudio Abramo também sugeriu mudanças na Lei de Licitações
(8666/93). Em 1993, quando a lei foi sancionada, disse, o então
presidente Itamar Franco vetou o dispositivo que permitia a exigência
de experiência técnica dos interessados na licitação.
No entanto, continuou o diretor da ONG, o veto feriu os interesses de
grandes empreiteiras. "Os opositores a esse veto foram à Justiça
e, na prática, o Poder Judiciário restituiu a possibilidade",
criticou. Na opinião de Claudio Abramo, a exigência de "experiência
técnica" pode levar a direcionamentos e corrupção nas licitações.
Ele afirmou que as empresas deveriam ser avaliadas por suas condições
econômico-financeiras antes de firmar contratos com os governos.
Orçamento
Outro assunto discutido no encontro foi a atual forma de execução orçamentária
no Brasil. Hoje o orçamento é autorizativo, ou seja, o Poder Executivo
não é obrigado a executar os valores votados pelo Legislativo. Na
avaliação de Abramo, esse tipo de orçamento impede o planejamento
administrativo e abre espaço para negociações em troca da liberação
de recursos.
Na reunião, Abramo também defendeu mais recursos orçamentários para
os órgãos de controle governamentais. Ele lembrou que, em 2004, o orçamento
do Tribunal de Contas da União (TCU) foi de R$ 705 milhões, enquanto o
da Controladoria-Geral da União (CGU) foi de apenas R$ 13 milhões.
O sub-relator de Normas de Combate à Corrupção, deputado Onyx
Lorenzoni (PFL-RS), destacou outro ponto indicado pelo diretor da
Transparência Brasil. "Ele reforçou na CPMI a convicção de que
o aparato do Estado e o aparato legal brasileiro têm de trabalhar para
prevenir o aparecimento do corrupto e do corruptor", afirmou o
deputado.
Informações públicas
Abramo pediu ainda empenho dos parlamentares para a regulamentação do
acesso a informações públicas. Embora previsto na Constituição, não
há um prazo definido para que os agentes públicos forneçam os dados
solicitados.
O diretor da ONG lembrou que o Projeto de Lei 219/03, que regulamenta o
tema, precisa ser votado com urgência. A proposta, do deputado
Reginaldo Lopes (PT-MG), está pronta para ser incluída na pauta do
Plenário.
Reportagem - Mônica Montenegro
Edição - Noéli Nobre
(Reprodução autorizada mediante citação da Agência)
Agência Câmara
Tel. (61) 3216.1851/3216.1852
Fax. (61) 3216.1856
E-mail:agencia@camara.gov.br
A Agência também utiliza material jornalístico produzido pela Rádio,
Jornal e TV Câmara. SR
|