A Comissão de
Assuntos Sociais (CAS) realizou nesta quinta-feira (07) audiência pública
para debater as modificações feitas pelos deputados na chamada PEC
Paralela da Previdência. A Câmara incluiu as carreiras jurídicas,
como procurador, defensor público, advogado e agente fiscal, no
subteto salarial aplicado ao Judiciário nos estados. Na PEC
original essas carreiras tinham salários vinculados ao do
governadores. Essa situação gerou descontentamento entre os
policiais militares, que agora reivindicam a mesma prerrogativa.
Ao abrir a audiência,
o senador Paulo Paim (PT-RS), autor do requerimento para sua realização,
lembrou que a PEC foi aprovada por unanimidade pelo Senado e,
posteriormente, modificada pela Câmara.
- O que queremos
evitar, a todo custo, é o efeito ping-pong, fazendo a PEC ir
e voltar entre as duas Casas. Por isso, estamos realizando essa audiência
pública, aberta às novas categorias que foram incluídas no
subteto dos desembargadores. Queremos ouvir a todos, numa audiência
democrática - disse Paim.
Edina de Melo Horta,
que representou a Associação dos Delegados da Polícia Federal,
pediu que fosse reparada uma injustiça feita pela Constituinte de
1988, que tirou da categoria a condição de carreira de Estado. Ela
afirmou que os delegados da Polícia Federal querem a valorização
do seu trabalho, que viria com a concessão do subteto de
desembargador à categoria.
Para o representante
da Associação dos Oficiais da Brigada Estadual, Cairo Bueno de
Camargo, é imprescindível corrigir uma segunda injustiça:
mesmo na forma atual da PEC paralela, os policiais militares
estaduais foram esquecidos. Eles participam e presidem os conselhos
estaduais permanentes, julgando como juizes de 2º grau.
Camargo chamou a atenção
para a relevância da segurança pública e afirmou que a integração
das policias nas ações visando a segurança passa pela integração
salarial.
- Numa mesma lei não
pode haver tetos salariais diferenciados, dividindo a categoria em
polícia classe A com subteto do Judiciário e polícia classe B com
subteto do Executivo - disse ele.
Antonio Augusto de
Queiros, representante do Departamento Intersindical de Assessoria
Parlamentar (Diap), disse que não considerava correta a vinculação
da remuneração de servidor público a subsídio de agente político,
que fica pouco tempo no cargo, como é o caso dos governadores. O
salário das novas categorias incluídas na PEC, afirmou, precisa
estar vinculado ao de desembargador.
- Não haverá
aumento significativo de despesas para os estados; isso é uma
bobagem. Os governadores não estão querendo enfrentar o pagamento
da dívida com o governo federal, que é muito pesado e estão
querendo tirar dos funcionários - disse.
Rogério Macanhão,
da Federação Nacional do Fisco Estadual, lembrou que a reforma da
Previdência foi aprovada somente mediante um acordo para aprovação
da PEC paralela que veio corrigir distorções.
- É evidente que
algum custo adicional existe. As regras de transição geram custos;
também a paridade gerará custos. Mas é absurdo dizer que o
subteto dos funcionários estaduais quebrará os estados, uma vez
que se trata de repor o que foi retirado por outras legislações -
observou.
Estavam presentes à
audiência pública, em sua primeira parte, os senadores
Leonel Pavan (PSDB-SC), Romeu Tuma (PFL-SP), Lúcia Vânia
(PSDB-GO), Marcelo Crivella (PL-RJ), Valdir Raupp (PMDB-RO) e
Rodolpho Tourinho, relator da PEC paralela no Senado.