O credenciamento de instituições
que oferecem ensino a distância - discutido nesta quarta-feira (11)
durante audiência pública da Comissão de Educação (CE) - poderá
passar a ser feito mediante delegação da União a cada sistema de
ensino. A possibilidade foi anunciada, durante a reunião, pelo
diretor do Departamento de Políticas em Educação a Distância do
Ministério da Educação, Sérgio Kieling Franco.
Segundo o diretor, a maior
preocupação do governo é a de evitar que a delegação ocorra de
forma automática, como acontece atualmente. Isso porque, como
observou, alguns estados têm oferecido entraves ao credenciamento
de instituições que prestam bons serviços, muitas vezes por falta
de confiança na educação a distância, por preconceito ou por
reserva de mercado a organizações baseadas no próprio estado.
- Com isso, muitas vezes
estamos obrigando alunos de cursos a distância que precisam fazer
seus exames a se deslocar para outros estados, onde os resultados
serão reconhecidos - alertou.
A audiência pública foi
realizada para debater o Projeto de Lei do Senado (PLS) 462/03, do
senador José Jorge (PFL-PE), que altera a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação (LDB). O texto estabelece que o credenciamento será
feito "pela União, através do Ministério da Educação ou
por delegação específica, através dos demais sistemas de
ensino".
O projeto estende ainda os
custos reduzidos de transmissão - atualmente restritos ao rádio e
à televisão - a "outros meios de comunicação que sejam
explorados mediante autorização, concessão ou permissão do Poder
Público".
A LDB estabelece que os cursos
a distância serão oferecidos por "instituições
especificamente credenciadas pela União". Por meio de dois
decretos de 1998, porém, o governo federal permitiu a descentralização
do credenciamento nos níveis fundamental, para jovens e adultos, médio,
e de educação profissional. O autor do projeto pretende incluir o
princípio na própria lei.
- Como somos um país
federativo, os interessados não precisariam ir ao MEC para
conseguir o credenciamento. Estamos assistindo a uma tendência à
centralização que pode estar acabando com a Federação - alertou.
O princípio da descentralização
também foi defendido pelo presidente da Associação
Brasileira de Tecnologia Educacional, João Roberto Moreira Alves.
Na sua opinião, "quanto mais liberdade houver para as instituições
de ensino, mais avanços ocorrerão na educação a distância".
Também presente à audiência,
o presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância,
Fredric Litto, sugeriu um caminho alternativo: a avaliação dos
cursos passaria a ser feita por escolas locais, públicas ou
privadas, indicadas pelo conselho estadual de educação. "Com
isso, acabaria o conflito de territorialidade", previu.
Durante a reunião, o
senador Valdir Raupp (PMDB-RO), relator da matéria, pediu aos
convidados contribuições para se chegar a um texto de
entendimento. Roberto Saturnino (PT-RJ), por sua vez, manifestou
preocupação com o conteúdo das emissoras de rádio intituladas de
educativas. Presidente da comissão, Hélio Costa (PMDB-MG) defendeu
projeto de sua autoria (PLS 118/04) que assegura a realização de
um mínimo de aulas presenciais nos cursos a distância. |