A proposta de
reforma universitária elaborada pelo governo foi criticada pelos
quatro expositores convidados para a segunda audiência pública
sobre o tema promovida pela Comissão de Educação (CE), nesta
quarta-feira (13). Autor do requerimento para a realização do
debate, o presidente da CE, senador Hélio Costa (PMDB-MG), afirmou
que o objetivo dos encontros é o de aprimorar a proposta que será
enviada pelo Executivo ao Congresso Nacional.
O presidente da
Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup), Heitor
Pinto e Silva Filho, disse que o Brasil não tem que fazer reforma
universitária, mas apenas regulamentar a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação (LDB).
- Não é possível
reformar o que ainda não foi concluído.A educação é perene, não
pode ser modificada a cada governo e a cada ministro. A educação
é um projeto evolutivo da cultura de um país . A LDB é boa.
Precisamos apenas estabelecer regras de conduta para ela - afirmou
Silva, ao criticar também o número "exagerado" de
universidades privadas criadas no governo anterior.
Para a
presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de
Ensino Superior (Andes), Marina Barbosa Pinto, o processo de discussão
da proposta promovido pelo governo deixou muito a desejar, pois não
aprofundou o debate sobre as soluções que considera viáveis para
recuperar as universidades brasileiras. O Andes entende também que
há vários pontos importantes que devem ser analisados antes que o
governo envie o projeto ao Congresso. Entre eles estão as questões
da concepção federal, da democratização, do financiamento e da
autonomia do ensino superior.
- O documento
do governo ainda não construiu um consenso. Ele tem inúmeros
problemas - criticou.
Na opinião do
presidente da Associação Brasileira de Reitores das Universidades
Estaduais e Municipais (Abruem), José Antônio dos Reis, é preciso
entender que educação é política pública e não política de
governo. Ele acredita ainda que, para se fazer uma reforma universitária
desse âmbito, é necessário que haja um pacto com a sociedade.
Reis criticou também a falta de referência às universidades
estaduais e municipais no documento que está sendo preparado pelo
governo.
- O sistema
estadual e municipal é maior do que o federal. Mandamos um ofício
ao ministro da Educação pedindo que respeite a autonomia dos
estados e solicitando a participação da União nesse financiamento
- afirmou.
Quotas
A questão das
quotas - mecanismo pelo qual o governo tenta garantir o acesso ao
ensino superior a alunos oriundos de escolas públicas, a negros e
às minorias - é um dos principais problemas da proposta do
governo, segundo o professor e economista Cláudio de Moura Castro.
- Deixar para
corrigir esse problema na entrada da universidade é muito tarde. A
questão tem que ser vista no início do processo, no ensino
fundamental. Na porta da universidade, muitos já desistiram da
educação há quatro ou cinco anos - destacou.
Cláudio de
Moura também criticou o tratamento preconceituoso dado, a seu ver,
às universidades particulares. Para ele, há boas e más instituições
privadas, assim como há aquelas que dão lucro e outras que dão
prejuízo. Na opinião do professor, o melhor estímulo para se
tornar o ensino superior particular mais eficiente é a própria
concorrência no setor. |