O secretário
de Administração do Ceará, Mauro Benevides Filho, informou ao
presidente do Senado, Renan Calheiros, que caso o texto da chamada
PEC Paralela (nº 227/04) aprovado na Câmara dos Deputados for
confirmado em votação no Senado Federal, provocará um forte
impacto negativo nas finanças de todos os estados brasileiros. Ele
afirmou que, em apenas nove desses estados - Amazonas, Bahia, Ceará,
Goiás, Maranhão, Pará, Paraíba, Sergipe e Tocantins - o déficit
chegará a R$ 4,9 bilhões, em um período estimado de 20 anos.
O levantamento
e o drama dos números nas finanças dos estados foram apresentados
nesta quarta-feira (20), a Renan Calheiros, por Benevides
Filho e um grupo de secretários estaduais, em reunião que também
contou com a participação dos senadores Aloízio Mercadante, líder
do governo, e Fernando Bezerra (PTB/RN).
De acordo com o
titular da Secretaria de Administração do Ceará, Mauro Benevides
Filho, a PEC Paralela amplia o teto para delegados de polícia,
advogados e agentes fiscais a um valor que, comparado ao teto de
ministro do Supremo, poderia elevar salários a um patamar de até
R$ 17,1 mil. Só no Ceará, segundo o secretário, a medida
beneficiaria 150 servidores, podendo aumentar o dispêndio do
tesouro em R$ 10 milhões de reais ano. A situação, de acordo com
o secretário, ficaria ainda mais impraticável caso se leva em
consideração que os benefícios da PEC, nesta questão, são
retroativos a dezembro de 2003.
- Se a medida
for adotada, a Constituição estará repassando aos estados um
passivo financeiro difícil de ser compatibilizado com a Lei de
Responsabilidade Fiscal - afirmou Benevides.
O texto da Câmara,
segundo os secretário, poderia levar ainda os estados a adotarem,
por pressão corporativa, um único teto, ao contrário dos três
tetos que prevalecem hoje no Executivo, Legislativo e Judiciário.
Com a diminuição do tempo de aposentadoria para cada ano
trabalhado, o limite de aposentadoria de 60 anos para homens e 55
para a mulher também provocaria um "estrago" nas
contas públicas. Além desses pontos, os secretários querem que o
termo "exclusiva" volte ao texto da PEC, impedindo assim
que servidores ativos em carreiras de risco, como delegados de polícia,
possam se aposentar com menos de 30 anos na função protegida por
lei.
O líder do
governo, senador Aloizio Mercadante, admitiu que os argumentos
apresentados pelos secretários na reunião com Renan Calheiros são
consistentes e devem ser analisados. Os secretários querem
que o Senado restabeleça pelo menos o texto aprovado inicialmente
por esta Casa. |