Universidade em foco - 21/03/2005 10:25


REFORMA UNIVERSITÁRIA
Secretário do MEC debate com alunos da Faculdade de Educação


Izabel Leão / Jornal da USP


A Reforma Universitária foi o tema da aula inaugural proferida pelo secretário executivo do Ministério da Educação, Fernando Haddad, na última sexta-feira, dia 18, no auditório da Escola de Aplicação da Faculdade de Educação da USP. Os alunos, que lotaram o auditório, tiveram a oportunidade de debater o tema que vem ocupando demasiadamente a mídia escrita e televisiva nos últimos tempos, de uma forma não muito esclarecedora, segundo Haddad.

Para ele o importante é debater a educação num todo, do ensino básico ao superior, já que em todos os âmbitos a educação brasileira apresenta problemas sérios a serem resolvidos.
Segundo os dados do PNAD – Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio de 2003, 60% dos jovens brasileiros entre 18 e 25 anos de idade não completaram o ensino médio. O ingresso de jovens com mais de 25 anos no ensino superior não passa de 9%. “Esses números são dramáticos. Isso sem contar a realidade do negro e do pobre em geral, que são muito piores”, esclarece Haddad.
O que o Ministério da Educação pretende, segundo Haddad é tratar a educação de uma forma mais abrangente. “Focar apenas uma modalidade do problema não resolve mais as dificuldades da educação brasileira. Por exemplo, não adianta fazer campanha de alfabetização sem vinculá-la a um projeto de educação para jovens e adultos. Os movimentos educacionais precisam ser repensados.”

É o caso do corte de verba para a expansão da Universidade Pública ocorrido nos últimos 10 anos. Houve uma perda de 50% da verba para o ensino e 20% para recursos humanos o que ocasionou uma estagnação. “Devido a falta de verba o setor público ficou impossibilitado de abrir novas vagas. Não basta dar mais recursos é preciso dar também autonomia para fazer uma boa gestão. Pretendemos otimizar os recursos inclusive para que novas instituições educacionais públicas possam se estabelecer no país”, explica Haddad.

Outro ponto a ser revertido é a expansão desenfreada e sem controle das universidades privadas, feita totalmente sem critérios. Atualmente 70% das matrículas estão no ensino privado. “Não queremos acabar com o setor privado, mas queremos regularizar a situação para que seja uma opção complementar com qualidade”, ressalta Haddad.