Intervenção
do Governo Serra O decreto n° 51460/07, publicado no dia 1º de janeiro de 2007, não deixa dúvidas, foi uma das ações mais violentas dos últimos tempos contra as Universidades Paulistas. Intervenções não se fazem somente alterando comandos das Universidades, destituindo ou substituindo diretores ou reitores. Intervenções se fazem também não comunicando previamente ações que possam interferir na dinâmica de uma Instituição que historicamente se mantém de forma independente e competente. Na atualidade, uma forma de intervir é dificultando o manuseio de verbas, de investimentos, ou mesmo a prestação de contas daquilo que foi investido. A universidade fazer parte do SIAFEM (Sistema Integrado de Administração Financeira para Estado e Municípios do Estado de São Paulo), órgão ligado a Secretaria do Estado da Fazenda, evidentemente aumenta o controle dos gastos públicos nas Universidades, o que a princípio pode parecer bom e esperado, mas que pode causar transtornos graves no manuseio de verbas e alocação de recursos para determinados setores que necessitem de verbas emergencialmente. As Universidades possuem hospitais sob sua responsabilidade, pesquisas em andamento, emergências no ensino... Inicialmente, através do decreto n° 51 461/07, foram modificados a estrutura e o funcionamento do CRUESP (Conselho de Reitores das Universidades Estaduais do Estado de São Paulo). Sua presidência antes exercida por um reitor (óbvio, pois é um conselho de reitores) passa a ser exercida pelo Secretário do Ensino Superior. Entretanto, o decreto n° 51 535/07 de 31 de janeiro dá nova redação ao artigo 42 do decreto n° 51 461/07. Um aparente recuo volta a considerar como presidente do CRUESP um reitor. Recuo estrategicamente pensado que pode ser considerado como um ato benevolente. Entretanto pode ser apenas a aplicação de um plano previamente refletido e colocado em ação.
A
questão é: o governo, ao criar uma Secretaria do Ensino Superior,
quer realmente valorizar este segmento? Ou quer controlar com maior
rigidez o que ocorre na esfera universitária? Evidentemente que os
objetivos não são excludentes, pelo contrário se completam e, de
forma velada, ameaçam a autonomia conquistada ao longo da história.
Como ao diminuir a possibilidade de aplicar e decidir, fundamentada
em suas necessidades, onde aplicar os recursos financeiros, que tipo
de pesquisa fazer ou até mesmo que parcerias consolidar.
Embora o Secretário do Ensino Superior, José Aristodemo Pinotti,
tenha garantido em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo que
a autonomia será mantida, que a parcela do ICMS continuará a ser
repassada (mas qual, se a LDO ainda não foi aprovada?), que haverá
continuidade da política salarial e da expansão de vagas, por que
paira a desconfiança? Simples! Se têm-se tudo isto garantido, então
por que fazer um decreto logo no primeiro dia de governo, sem
nenhuma discussão ou consulta prévias, obrigando todas as instâncias
universitárias – que são autônomas (ainda?) – a se submeterem a uma
série de controles e ações ponderadas pelo governo estadual.
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