Convocatória do Fórum das Seis
O Fórum das Seis convoca os estudantes e os servidores
docentes e técnico-administrativos das universidades
públicas paulistas que foram vítimas de processos de
criminalização, para encaminharem relatos de todas as
perseguições sofridas e, desta maneira, participarem do
Seminário “A criminalização da pobreza, das lutas e
organizações dos trabalhadores” (Brasília, 21 e 22/10), de
modo que todos os ataques ao livre exercício do direito de
manifestação sejam denunciados e encaminhados para
conhecimento e manifestação dos organismos nacionais e
internacionais que defendem os direitos humanos. Este Fórum
também os conclama a participar das manifestações pelo
restabelecimento do registro do Sindicato Nacional dos
Docentes das Instituições de Ensino Superior (ANDES-SN), no
dia 11 de novembro próximo, em frente ao Ministério do
Trabalho e Emprego em Brasília, que contará com a presença
de outros sindicatos na luta contra a destruição das
representações independentes e legítimas da classe
trabalhadora.
O exercício da liberdade e a conquista da autonomia pelos
sindicatos de trabalhadores em relação ao Estado constituem
elementos fundamentais para a construção da democracia. A
representação sindical dos trabalhadores está protegida pela
Constituição Brasileira, que veta a interferência estatal na
organização dos sindicatos, resguardando-os dos apetites
oficiais que buscam transformá-los em correia de transmissão
das políticas governamentais. Mesmo diante do interdito
constitucional, através de manobras aparentemente
administrativas e desrespeitando decisão transitada em
julgado no Supremo Tribunal Federal (STF), com a conivência
da direção da CUT, o Ministério do Trabalho suspendeu o
registro sindical do ANDES-SN. A intenção de forças
políticas incrustadas no governo federal e no movimento
sindical subserviente é destruir o ANDES-SN e, certamente,
todos os sindicatos cuja atuação tem obstruído a implantação
de políticas lesivas à classe trabalhadora.
O ANDES-SN nasceu como Associação Nacional dos Docentes do
Ensino Superior, registrando-se como sindicato em 1988.
Atuou destacadamente na luta contra a ditadura militar, no
último processo Constituinte, no Fórum Nacional em Defesa da
Escola Pública, na coordenação do Movimento Ética na
Política, dentre tantos outros momentos marcantes da
sociedade brasileira. O ataque ao ANDES-SN é uma violência
imensurável e se inscreve na lógica da domesticação dos
sindicatos aos interesses do Estado e da patronal. A
tentativa de criminalização dos movimentos sociais explicita
esses interesses, é um trágico legado que, desde o Estado
Novo, passando pela ditadura militar (1964-1985), reproduz
seu viés conservador e autoritário. Assim, a militância em
defesa dos interesses dos trabalhadores e da sociedade é
tratada como uma atividade passível de tipificação criminal
e os sindicatos independentes se tornam objeto de
perseguição política.
Não podemos aceitar que a sanha governamental tente destruir
o ANDES-SN e todos os sindicatos independentes que
representam com legitimidade a base da classe trabalhadora,
muito menos permitir o financiamento dos pelegos com o nosso
dinheiro por meio do imposto sindical ou taxa negocial, ou o
nome que se queira dar ao assalto estatal ao bolso dos
trabalhadores brasileiros em benefício daqueles que deles
tentam se servir para garantir e perpetuar benefícios para
si próprios.
Neste momento, é necessário e urgente que todos os
trabalhadores docentes e técnico-administrativos, assim como
também que os estudantes das universidades públicas
paulistas se mobilizem para resistir e manter a
independência e a autonomia sindicais. Nossa resposta só
pode ser a firme manifestação de total confiança no ANDES-SN
e o nosso mais veemente repúdio àqueles que querem destruir
os sindicatos combativos, tomando a destruição do ANDES-SN
como ponto de partida. |