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Subject: Adunicamp Notícias (10/06/2009) - A pedido de alguns Professores segue esclarecimentos dos últimos acontecimentos
Date: Wed, 10 Jun 2009 18:31:53 -0300
 
Adunicamp Notícias – 10 de junho de 2009

A Assembléia permanente da Adunicamp reunida nesta quarta-feira (10/06),
diante dos acontecimentos de ontem na USP deliberou por unanimidade:

Greve até a retirada do aparato policial da USP e
pela reabertura das negociações entre Cruesp e Fórum das Seis.

Exclarecimento dos últimos acontecimentos...

Os fatos

Há anos os reajustes salariais concedidos pelos reitores das universidades públicas paulistas têm sido o índice de inflação do ano. Mesmo sabendo que as perdas históricas dos trabalhadores somam cerca de 42% nos últimos vinte anos.

Diante de um ano de arrecadações muito mais do que expressivas (2008) e mesmo com o crescimento do repasse do ICMS tendo superado o reajuste dos salários em 30,4%, mesmo com o aumento de arrecadação no primeiro trimestre de 2009 tendo sido de 9,5% em relação ao mesmo período de 2008 (isso porque estamos em tempos de crise), o Cruesp quer nos conceder os absurdos 6,05%.
Diante de tamanho desrespeito com aqueles que trabalham para manter o ensino público, gratuito e de qualidade das universidades públicas paulistas, o Fórum das Seis não aceitou o indicativo dos reitores e reiterou suas propostas de reajuste.

A Campanha Salarial de 2009 parecia que seria como tantas outras com rodadas de negociações e atos nas universidades. Parecia até que o Cruesp resolveu mudar as regras até então combinadas.
Mudança de atitude: o dia 25 de maio e o início dos confrontos
Todos preparados para a segunda rodada de negociações entre Cruesp e Fórum das Seis. Como de costume, por exigência dos reitores, os nomes dos representantes de cada entidade que participariam da reunião haviam sido enviados com antecedência para a reitoria da USP. Logo na entrada os presentes foram surpreendidos com o pedido para que se encaminhasse para a porta dos fundos. Não bastasse isso, quando apenas quatro integrantes do Fórum já haviam subido para a reunião, chegou o aviso de que apenas um represente de cada DCE poderia participar e que os representantes da FASUBRA e do ANDES - SN, que sempre assistiram às reuniões como observadores, também estavam vetados.

A indignação foi completa. Os membros do Fórum das Seis que não haviam conseguido entrar se reuniram ao lado do prédio para deliberar sobre as proibições. E, como não poderia deixar de ser, diante de tamanho desrespeito muitos se revoltaram. Com palavras de ordem contra a Univesp os estudantes invadiram o prédio da reitoria da USP e, ao contrário do que foi publicado em alguns veículos de comunicação, os reitores não foram DETIDOS pelos alunos. No início da noite, após assembléia dos estudantes, a manifestação terminou.
Logo que o prédio foi desocupado os reitores da Unicamp, USP e Unesp soltaram nota à imprensa na qual lamentavam a ocupação da reitoria pelos representantes do Fórum das Seis. A parte mais interessante do texto foi aquela em que o Cruesp afirmava que o Fórum não compareceu à reunião (veja a íntegra da nota do Cruesp à imprensa). Somando-se as idéias parece que a conta não fecha: como o Fórum pode ser acusado de ter invadido o prédio se não compareceu ao local?


Autonomia ferida: reitora da USP chama a PM para intimidar os trabalhadores em greve

Desde a autonomia universitária de 1989 a segurança nos campus da Unicamp, USP e Unesp é feita pelas próprias universidades (na Unicamp esta função é dividida entre funcionários da universidade e empresas de vigilância contratadas). A utilização da força policial sempre foi alvo de repúdios dos docentes da universidade que não podem e não devem se esquecer dos abusos da ditadura militar iniciada em 1964.

As greves nas universidades, alvos contínuos de polêmica, nunca tiveram a intenção de gerar violência, e os piquetes feitos pelos grevistas têm a função de garantir ao movimento a possibilidade de se fazer ouvir pelas autoridades universitárias. Nada aconteceu de grave que justificasse a intervenção policial. Assim sendo, porque a reitora da USP chamou a polícia para acabar com os piquetes dos funcionários em greve.

Ditadura nas universidades:

Desde os famigerados decretos do governador José Serra, em seu primeiro dia de mandato, manifestações nas três universidades estaduais paulistas vêm acontecendo. As ocupações de prédios das universidades levaram a uma série de sindicâncias não apenas, mas principalmente na USP, que culminaram com a demissão de um sindicalista, violando a estabilidade sindical que a lei lhe confere.

A mudança na carreira da Universidade de São Paulo, feita por “canetada”, sem ouvir as entidades representativas de docentes e funcionários, também causou grande controvérsia. E o mesmo está por acontecer na Unesp, na qual o novo plano de carreiras foi elaborado pela reitoria sem levar em conta o posicionamento de funcionários e docentes.
Agora, para fechar com chave de ouro, a reitora da USP resolveu acabar com as manifestações de funcionários e estudantes como se fosse um caso de polícia. Voltando trinta anos na história e com a desculpa da reintegração de posse dos prédios interditados, a reitora convocou a PM para ocupar o campus e abrir as portas fechadas pelos funcionários no dia 1º de junho.

Neste mesmo dia, mesmo com as portas reabertas e a forte presença policial os funcionários da reitoria aprovaram greve e “Chefes e diretores de divisão da reitoria, diante a absurda presença da Força Policial declaram: ‘não pressionariam os funcionários a entrar e trabalhar’”, conforme divulgado pelo Sintusp em sua página na internet. Diante da brutalidade da reitora, Suely Vilela, as três categorias decidiram por greve por tempo indeterminado: pela saída da PM do campus da USP e pela reabertura de negociações.

Desde então a cena se repete. Os piquetes dos grevistas são dispersos pela força policial que repetidamente é acionada pela reitora.

No último dia 09 de junho, docentes, funcionários e estudantes fizeram manifestação pacífica em frente ao prédio da reitoria. Nada de confusão, apenas o conjunto de pessoas contra os abusos da administração da universidade. Acabado o ato do Fórum das Seis, os docentes se encaminharam para a sede do sindicato (Adusp) para a realização de sua assembléia. Estudantes e funcionários permaneceram no local onde também realizaram assembléia geral.

Novamente a PM entrou no campus da USP, desta vez para acabar com um “trancaço” realizado por funcionários e estudantes. Como não poderia deixar de ser, a confusão se instalou no local quando os manifestantes, já retornando, após este ato, foram surpreendidos pela PM. Bombas de efeito moral e balas de borracha foram disparadas contra os manifestantes que, em meio a confronto com policiais, procuraram abrigo nos prédios da universidade. Alguns foram detidos e houve feridos.

A assembléia dos docentes da USP, que estava reunida no momento, foi interrompida pela entrada de estudantes que se refugiavam da violenta ação policial.

Os detidos durante a intervenção foram soltos após prestarem depoimentos.
Reunida novamente na manhã desta quarta-feira, a Assembléia da Adusp, que contava com cerca de trezentos docentes, deliberou a manutenção da greve até a saída da polícia do campus, pela saída imediata da reitora da USP, Suely Vilela, e pela reabertura das negociações entre Fórum das Seis e Cruesp.