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Boletim eletrônico
• 12 de julho de 2005
Ato na Alesp
pressiona Alckmin a sancionar LDO sem vetos
Cerca
de 70 funcionários, estudantes e docentes das três
universidades estaduais e do Centro Paula Souza, e vários
deputados, compareceram em 12/7, no Auditório Franco Montoro da
Alesp, ao ato pela manutenção da emenda da educação na LDO,
que garante mais recursos para a educação como um todo e o
ensino superior público paulista.
Organizado pelo Fórum das Seis,
o ato começou às 15h30, logo após o término da reunião da
Comissão de Orçamento e Finanças (COF), durante a qual se
discutiram alterações do texto final da LDO. O coordenador em
exercício do Fórum, professor João Chaves, abriu o ato
anunciando que o texto original das emendas da educação fôra
mantido, apesar das sugestões de aperfeiçoamento feitas pelo
movimento .
O deputado Edmir Chedid (PFL),
relator da LDO, disse, em entrevista ao Expresso Adusp,
que os membros da COF acharam que tais alterações eram
desnecessárias. Ele acredita que, se o governador vetar os 10%
do ICMS para USP, Unesp e Unicamp e 1% para o Centro Paula
Souza, ele estará indo “contra os próprios princípios”.
Ao falar durante o ato, o
presidente da COF, deputado Caldini Crespo, colega de partido de
Chedid, fez coro à posição deste. Lembrou, inclusive, o slogan
que chegou a ser pensado para a futura campanha de Alckmin à
Presidência da República: “O Brasil precisa de um gerente:
Geraldo Presidente”. Segundo Crespo, os partidários de
Alckmin deixaram de usar a frase ao perceberem que a população
quer na Presidência não um gerente, mas um estadista. “O
Estado de São Paulo também faz questão de ter um
estadista”, afirmou Crespo. E completou: “Se o Governador
vetar as emendas da educação, ele não passa de um gerentão”.
Descendo
do muro
“Ele vai ter que sair de cima
do muro. Afinal, o aumento dos percentuais para a universidade
ocorreu sem a retirada de verbas para o ensino básico”,
afirmou o deputado estadual Enio Tatto (PT), numa referência
aos 31% previstos para a educação como um todo na emenda e ao
fato de o governo estadual ter tido, durante 10 anos, controle
absoluto sobre a LDO e muitas outras discussões na Alesp.
A situação alterou-se apenas em
março passado, com a eleição de Rodrigo Garcia (PFL) para a
presidência da casa, rompendo a antiga base governista. O
professor César Minto, presidente da Adusp, destacou o processo
de aprovação da LDO como parte da retomada do “caráter
republicano” da Alesp, com a atitude de alguns deputados de não
mais aceitarem a tutela absoluta de Alckmin.
O líder do PT na Alesp, deputado
Renato Simões, declarou que o veto total à emenda seria
“rasgar a autonomia universitária”, já que, com essa
atitude, nenhum percentual do orçamento estaria destinado à
USP, Unesp e Unicamp. A professora Maria Aparecida Moysés,
presidente da Adunicamp, lembrou que jamais um governador vetou
o percentual destinado às universidades estaduais na LDO desde
a conquista da autonomia administrativa, em 1989. A docente
destaca ainda que as universidades públicas devem estar a serviço
de um projeto de nação.
Com isso concorda a deputada
estadual Ana Martins (PC do B). “A nossa política é investir
na educação”, enfatizou, ressaltando que o aumento de verbas
nessa área evita, no futuro, gastos com segurança pública,
uma das bandeiras do atual governo, que enfrenta problemas na área,
notadamente no que diz respeito à Febem, tese também expressa
pelo deputado Romeu Tuma (PMDB).
Vários oradores observaram que
Alckmin corre o risco de ter sua imagem arranhada perante a
opinião pública caso vete, mesmo que parcialmente, a emenda da
educação na LDO. Não ficaria bem para um presidenciável
restringir gastos num setor visto como primordial para o
desenvolvimento integral do país.
Estratégia
Simões exortou o movimento a
ampliar o arco de alianças com outros setores da sociedade,
notadamente as organizações ligadas à educação, ciência e
tecnologia, a fim de pressionar o Palácio dos Bandeirantes a
aceitar a manutenção da emenda para a educação.
Aliás, esta, destacaram Simões
e vários dos demais deputados, só foi aprovada devido à força
do movimento. Os deputados preteriram outro bloco de emendas na
negociação de 7/7, quando a LDO foi votada. Havia um impasse
que impedia a aprovação desse bloco (que incluia o reajuste
anual do funcionalismo) e a daquele da educação. Para que a
votação não permanecesse travada, o Governador exigiu, por
intermédio de sua bancada, que um dos blocos fosse sacrificado.
Além disso, opinaram os
deputados, o movimento pode contribuir através de sua força
para que as emendas não aprovadas desta vez o sejam numa futura
LDO. Os deputados Chedid e Mário Reali afirmaram que há a
possibilidade de elas serem contempladas na própria Lei Orçamentária,
que define de fato o orçamento estadual e será discutida e
votada no próximo semestre. “Vamos estar de volta aqui amanhã
e todos os dias”, disse a professora Moysés a respeito da
necessidade de mobilização constante. É o que o professor
Minto chamou de “atividade cívica de acompanhamento”, algo
que estava perdido e foi resgatado pelo movimento do Fórum.
Portanto, se uma etapa foi ganha,
a luta deve prosseguir até a vitória completa, levando em
conta até mesmo a próxima LDO. Simões lembrou que é necessário
“blindar” as universidades estaduais de possíveis reformas
tributárias. Pode haver, por exemplo, a redução da arrecadação
do ICMS. Por isso, seria interessante, no futuro, a fixação de
um percentual sobre o total das receitas, e não sobre um
tributo em específico.
Manifestaram-se também os
representantes do Sinteps, Neusa Santana; do Sintusp, Aníbal
Cavali; do STU, Marcílio Ventura; do Sintunesp, Luis Carlos de
Freitas; e do DCE-USP, Rodolfo Viana.