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Boletim eletrônico
• 16 de agosto de 2005
Por
unanimidade, Comissão de Finanças e Orçamento dá primeiro
passo para derrubada do veto de Alckmin
A mobilização do Fórum das
Seis contra o veto de Alckmin a nossas emendas na Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO) conquistou uma primeira vitória.
Na tarde de 16/8, a Comissão de Finanças e Orçamento da
Assembléia Legislativa (Alesp) aprovou, por unanimidade,
parecer que recomenda ao plenário a derrubada do veto de
Alckmin às emendas da educação na LDO. No entanto, ainda não
há uma data definida para que a matéria seja levada à votação
em plenário. Após a votação na Comissão, o Fórum reuniu-se
com o presidente da Alesp, Rodrigo Garcia, para tentar obter uma
definição quanto a isso.
A sessão da Comissão foi
realizada no Auditório Franco Montoro e contou com a presença
de 400 pessoas, na sua maioria estudantes e funcionários das três
universidades estaduais paulistas e do Centro Paula Souza, que
paralisaram suas atividades para acompanhar o primeiro passo
nessa nova etapa da luta por mais recursos para a educação pública
como um todo. Na LDO aprovada pela Alesp em julho estava
prevista a ampliação das verbas para todos os níveis de
ensino público de 30% para 31% da receita de impostos,
incluindo o aumento de 9,57% para 10% da cota-parte do ICMS para
USP, Unesp e Unicamp e de 1% para o Centro Paula Souza, esta última
vinculação uma conquista histórica para o ensino técnico e
tecnológico. Todos estes itens sofreram o veto do governador.
“O governador, embora possa
sempre vetar, em termos da Constituição Estadual, também
precisa respeitar a opinião da população, que foi sobejamente
manifesta nas audiências públicas e no plenário da Assembléia”,
disse, em entrevista ao Expresso Adusp, o deputado
Caldini Crespo (PFL), presidente da Comissão de Finanças e Orçamento,
que ainda destacou que, em julho, as emendas da educação na
LDO haviam sido aprovadas por unanimidade em plenário. Na ocasião,
houve apenas declaração de voto contrário do líder do
governo, deputado Edson Aparecido. Assim, diz Crespo, “espero
que todos votem [em plenário] pela derrubada do veto. Se isso não
acontecer, espero que pelo menos uma maioria dos deputados possa
fazê-lo, porque afinal de contas isto é do interesse da população”.
Houve inversão da pauta para que
a proposta de derrubada do veto, elaborada pelo deputado Edmir
Chedid (PFL), tivesse prioridade nos trabalhos da Comissão. Além
de Chedid e Crespo, os outros membros que estavam presentes à
sessão foram Enio Tatto (PT), Romeu Tuma (PMDB), Mário Reali
(PT) e Vitor Sapienza (PPS). O último é da base de apoio
governista e havia, em julho, numa primeira votação depois
revertida, votado contra as emendas em plenário. Os deputados
Roberto Engler (PSDB), Paulo Sérgio (PV) e Waldir Agnelo (PTB),
também membros efetivos da Comissão, não compareceram à sessão
de 16/8.
Por coincidência, nesta mesma
sessão em que a recomendação à derrubada do veto foi
aprovada, a Comissão apreciou um projeto de lei que propõe a
criação de mais uma Fatec. De autoria do deputado Roberto
Alves (PTB), ausente da votação da LDO em julho, o projeto (n°
0675/2004) cria a Fatec de Caçapava, no Vale do Paraíba.
Apesar da aprovação por unanimidade, os deputados Chedid e
Reali fizeram observações acerca do projeto, mais um exemplo
da expansão das Fatecs que vem ocorrendo nos últimos anos, com
base numa infra-estrutura precária e no arrocho salarial de
docentes e funcionários, fatores prejudiciais à qualidade de
ensino.
“Este projeto demonstra a
necessidade de se ampliar o número de vagas, de se ampliar o número
de unidades. Só que esta política do Governo do Estado,
principalmente nas universidades e no Centro Paula Souza, tem
que ser acompanhada de um volume de recursos maior, porque não
dá pra nós inagurarmos novas Fatecs, novas ETEs, ampliar as
vagas, ampliar o campus da USP Zona Leste, ampliar o campus de São
Carlos da USP, aumentar as despesas sem prever os recursos no Orçamento”,
disse Reali. “Esperamos que o nobre deputado Roberto Alves
esteja presente no plenário para ajudar a derrubar o veto do
Governador”, afirmou Chedid, sendo bastante aplaudido em
seguida.
Debate
na USP
Também no dia 16/8, durante
debate promovido pela Adusp no Auditório da História sobre a
educação pública e o veto do Governador, Denise Rykala,
diretora do Sinteps, protestou contra a situação do Centro
Paula Souza, cujos docentes e funcionários estão sem reajuste
salarial faz quase uma década.
Participaram ainda do debate
representantes da Adusp, Apeoesp, DCE Livre da USP e Sintusp e a
deputada estadual Maria Lúcia Prandi (PT), presidente da Comissão
de Educação da Alesp. Os debatedores analisaram que o veto do
governador à ampliação de verbas da educação na LDO é
sintoma da estratégia iniciada, no Brasil, nos anos 90, que
visa à deterioração dos serviços públicos e sua progressiva
substituição pela iniciativa privada. “A USP, em especial,
sofreu um desmonte nos anos 90”, constatou Prandi, numa referência
à redução do número de docentes em quase 10% ao longo
daquela década, apesar da expansão de cursos e campi.
O professor César Minto,
presidente da Adusp, lamentou a ausência do secretário
estadual do Planejamento, Martus Tavares, que havia sido
convidado para o evento, já que representaria o Poder Executivo
no debate, uma oportunidade para que explicasse o veto do
Governador à ampliação de recursos para a educação pública.
O deputado Crespo também foi convidado, mas não pôde
comparecer.