59
Boletim Eletrônico • 15 de setembro de 2005
Derrubada do veto deve voltar à pauta da Assembléia Legislativa na próxima semana

    A batalha na Assembléia Legislativa (Alesp) pela derrubada do veto do Governador à LDO será retomada na próxima semana. Na noite de hoje, às 19 horas, foi retomada a sessão extraordinária iniciada na véspera — diferentemente do que informamos no Expresso Adusp 57, a sessão de 14/9 não foi encerrada, mas “levantada”. Mais uma vez, no entanto, não houve votação; e a sessão foi novamente levantada. Por iniciativa da liderança do PT, houve acordo com o presidente da Alesp para que, na próxima terça-feira, 20/9 (ou quarta-feira, 21/9), a sessão seja retomada, e uma nova sessão extraordinária seja convocada.

    Na retomada da sessão, na noite desta quinta-feira, 15/9, o líder do governo, deputado Edson Aparecido (PSDB), subiu à tribuna para defender o veto. Seu discurso de meia hora foi alvo do protesto dos estudantes, funcionários e professores que lotavam a galeria do Plenário Juscelino Kubitschek, a maioria dos quais passou a noite acampada no local. Os manifestantes viraram as costas para Aparecido e, por diversas vezes, vaiaram-no intensamente, como quando ele afirmou que havia freqüentado “os bancos da escola pública”.

    O líder do governo, que afirmou ter sido, durante a Ditadura Militar, “membro da Comissão Pró-UNE”, reagiu à manifestação da galeria: “Esse tipo de gesto é absolutamente atrasado, medieval, deplorável, retrógrado”. Em determinado momento, disse: “Essa gente não quer fazer o debate”. No seu discurso, Aparecido afirmou que o governo desembolsará R$ 3,7 bilhões com educação em 2006. Aparteado pelo deputado Tiãozinho (PT), para quem “a proposta que o PSDB tem apresentado ao país é a privatização”, Aparecido replicou: “Instalamos mais oito campus [sic] da Unesp. Foi o governo do PSDB que botou um campus da USP na Zona Leste”.

    Ao final de seu discurso, após a galeria repetir em coro a palavra de ordem “Derruba o veto, derruba o veto!”, o líder do governo provocou: “Não será derrubado o veto”. Deixou a tribuna debaixo de pesada vaia.

    Em aparte ao deputado Nivaldo Santana (PCdoB), o deputado Renato Simões, líder do PT, contestou o deputado João Caramez (PSDB), que procurara fazer a defesa do governo Alckmin. Simões criticou o modelo de expansão adotado por Alckmin, ao qual chamou de “política de construção de prédios”. De acordo com ele, o governo tem deixado de investir como deveria nas universidades públicas estaduais e no Centro Paula Souza (Ceeteps). Entre outros exemplos, ele citou que, dos R$ 6,642 milhões previstos para gastos com material de consumo no orçamento do Ceeteps em 2004, foram desembolsados apenas R$ 644 mil, ou seja, menos de 10%. 

    Tanto Santana como Simões criticaram as violências praticadas pela Polícia Militar na véspera, e que levaram à suspensão dos trabalhos na Alesp. “Vamos chegar na semana que vem sem uma proposta do governo”, denunciou o líder do PT. “Os reitores pediram uma audiência [ao Governador] no dia 29 de julho e continuam sem resposta”, acrescentou. Ele também declarou que o Fórum das Seis vem tentando, sem êxito, que a presidência da Alesp paute a votação da matéria em sessões extraordinárias consecutivas: “A reivindicação não é de discussão da matéria, é de votação da matéria”.
   
    Depois que a sessão foi levantada, os manifestantes decidiram deixar o Plenário JK e, reunidos a um grupo de estudantes que permaneceu do lado de fora da Alesp sem poder entrar, saíram em passeata até a Avenida Paulista. Os deputados Romeu Tuma (PMDB) e Renato Simões entraram em contato com a PM para garantir que não houvesse choque com os manifestantes. A passeata com cerca de mil pessoas deixou a Alesp por volta de 21h30, acompanhada por dezenas de PMs e por várias equipes de jornalismo.



ASSEMBLÉIA DA ADUSP NESTA SEXTA, 16/9, ÀS 14 HORAS, NO AUDITÓRIO ABRAHÃO DE MORAES (IF)

Pauta:
Avaliação da continuidade da Greve 
Propostas para continuação da luta