Resposta
enviada ao jornal "O Estado de S. Paulo ao seu editorial de
30/8/05
"Sr.
Editor,
A
respeito do editorial “A greve da USP” (30/8), gostaríamos
de esclarecer que docentes, funcionários e estudantes da USP
estão em greve por uma razão muito clara: para manter a Lei de
Diretrizes Orçamentárias (LDO 2006) tal como foi aprovada pela
Assembléia Legislativa (Alesp), o que implica derrubar o veto
do Governador às emendas que garantem mais verbas para a educação
pública em todos os níveis.
Dizendo
de outra forma, queremos ver mantidas as seguintes decisões dos
deputados estaduais: 1) ampliação do total de verbas
destinadas pelo Estado à educação pública em todos os níveis
(ensino básico, técnico-tecnológico e superior), de 30% para
31% da receita de impostos; e 2) dentro desse total, ampliação
do repasse às universidades públicas estaduais, de 9,57% da
cota-parte do ICMS para 10%, e repasse de 1% da cota-parte do
ICMS para o Centro Paula Souza (Ceeteps).
O
pequeno acréscimo de 1% nas verbas educacionais do Estado para
2006 seria repartido de forma aproximadamente igual entre três
setores: universidades, ensino técnico-tecnológico e ensino básico.
Nenhuma
política educacional séria poderá ser planejada e executada
sem a necessária vinculação de verbas, em especial num Estado
em que são gritantes as carências das instituições públicas
de ensino. Observe-se que as universidades públicas, em São
Paulo, têm um dos menores percentuais nacionais (1,8%) de
atendimento aos jovens com idade universitária (18-24 anos). O
acréscimo de 0,43% do ICMS para as universidades, como aprovado
na LDO 2006, seria destinado à expansão de vagas.
No
tocante à educação básica, o acréscimo orçamentário
previsto poderia permitir o início de sua recuperação,
revertendo a situação escandalosa em que se encontra: falta de
professores, salas de aulas superlotadas, péssimas condições
de trabalho e com o professor de ensino médio, com diploma de
ensino superior, por exemplo, recebendo R$ 5,80 por hora-aula após
o último reajuste!
Também
consideramos fundamental salientar que São Paulo dispõe de
receitas suficientes para ampliar substancialmente as verbas
destinadas à educação, sem sacrificar outras rubricas
igualmente importantes para a sociedade, tais como saúde,
saneamento, habitação e segurança pública. Isto sem falar na
expressiva sonegação fiscal, que não é devidamente
combatida.
Esta
é a verdade dos fatos, que leva a comunidade universitária a
fazer greve e lutar para que os deputados estaduais façam valer
a autonomia da Alesp, derrubando o veto do Governador.
Professor
César Augusto Minto
Presidente da Associação dos Docentes da USP (Adusp)"
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