SEM FRONTEIRAS

Ainda que sejam trabalhadores, acostumados às dificuldades enfrentadas no dia-a-dia, sujeitos a todo tipo de exploração, muitos companheiros têm dificuldade em relacionar suas vidas ao que acontece ao seu redor... em sua cidade, seu país, seu mundo. Às vezes, os problemas enfrentados por trabalhadores de outras regiões ou países parecem distantes, quase que um filme de ficção.

Do que estamos falando?

Estamos falando dos tristes fatos que vêm sendo enfrentados, atualmente, por populações do Oriente Médio, mais especificamente palestinos e libaneses. Bombardeados pela artilharia israelense, estão vendo seus filhos morrerem estupidamente, em nome de interesses econômicos de países muito distantes dali, como é o caso dos Estados Unidos.

Os problemas enfrentados por nossos irmãos árabes estão mais próximos de nós, brasileiros, do que podem pensar alguns companheiros, que se dizem surpresos ao ver moções de apoio e solidariedade a estes povos.

Estes companheiros ficam surpresos ao verem algumas ações de solidariedade, como é o caso da indignação contra os ataques aos povos árabes, no Iraque, no Haiti, na Coréia do Norte etc. Chegam a pensar que todos estes acontecimentos não são de nossa conta. "Se mal conseguimos resolver os problemas da nossa categoria, como podemos resolver os problemas de outros países?", perguntam.

Diante deste fato, resolvi me expressar e dizer que não seremos nós, sozinhos, quem iremos solucionar os problemas. Sejam eles internos, nacionais ou de fora do nosso país.

Porém, o que não podemos fazer é fechar os olhos diante das ações terroristas cometidas contra nossos semelhantes, em qualquer parte do mundo em que eles estejam. Isso se chama SOLIDARIEDADE DE CLASSE. E, quando digo classe, refiro-me à classe trabalhadora, esse contingente de bilhões de pessoas ao redor do mundo, unidas pelo fato de serem explorados por uma minoria rica e opressora.

Acredito que somos todos irmãos e devemos nos unir contra aquilo que oprime a todos. E aí devo citar o capitalismo – imperialista, que condena as pessoas a viverem divididas, marginalizadas em qualquer lugar do mundo.

Veja-se o caso dos palestinos e libaneses, que sofrem sob as bombas israelenses neste momento. O que há por trás da ferocidade israelense é o interesse mesquinho das grandes empresas de petróleo norte-americanas, que utilizam o Estado de Israel para garantir seus negócios na região.

Também não devemos esquecer daqueles que, antes de nós, lutaram, muitos deles dando sua próprias vidas para combater o regime opressivo que atinge a todos em diversas partes do mundo, mudando algumas vezes apenas a forma de atuação.

Não estamos livres deste perigo. Pode ser que muito em breve os opressores não se contenham mais com a maneira com que vêm nos explorando e resolvam nos atacar, nos destruir, usando, como argumento, que estão defendendo a nossa biodiversidade, as nossas águas, que dizem eles ser patrimônio do mundo.

Não vamos nos esquecer que, por fruto da ganância, destruíram o continente africano, bem como o modo de vida daqueles povos.

Sendo assim, se me perguntarem no que acredito e porque luto, direi que devemos lutar por aqueles que vivem à margem da dignidade social, e que toda a organização sindical, em qualquer parte do mundo, deve ter como uma de suas missões reverter esta ordem.

Devemos crer que a solidariedade e o amor aos nossos semelhantes não devem ter fronteiras. Aliás, um dos princípios que norteiam nosso Sindicato é a solidariedade a todos os povos que lutam contra qualquer tipo de opressão.

Assim sendo, é imprescindível lutarmos pela construção de uma sociedade digna para aqueles que a constroem, que são seus trabalhadores... no Brasil e no mundo.

 

LUIZ CARLOS DE FREITAS MELO

Coord. Político do Sintunesp