Vanderlan
da Silva Bolzani, docente do
Departamento de Química Orgânica do
Instituto de Química (IQ), câmpus de
Araraquara, e assessora da
Pró-Reitoria de Pesquisa toma posse
como presidente da SBQ (Sociedade
Brasileira de Química) no dia 29 de
maio. A solenidade ocorre em Águas
de Lindóia (SP), durante a 31ª
reunião anual da instituição.
A
pesquisadora, especialista em
Química Orgânica, será a primeira
mulher a assumir o cargo. “Isso
demonstra uma evolução na
instituição. É um acontecimento
marcante nos 31 anos de existência
da SBQ. O processo foi bem
competitivo, ético e demonstrou o
amadurecimento da sociedade”,
afirma.
Entre suas
metas à frente da SBQ, nos próximos
dois anos, a docente pretende criar
uma editoria de publicações, um
periódico de divulgação de química
voltada para o setor industrial, um
programa de estímulo ao ensino de
ciências e química, além de
modernizar a informática, ampliar as
colaborações internacionais
realizadas em gestões anteriores e
fortalecer as secretarias regionais.
Segundo
Vanderlan, seu plano de gestão prevê
o aproveitamento da estrutura
organizacional central da SBQ para
criar uma agenda de trabalho e
atuação conjunta nas questões onde o
tema química é central. “Vamos
aproveitar o potencial da riqueza
acadêmica construído nesses anos
para modular uma série de ações
afinadas com as políticas de
desenvolvimento e melhoria social,
onde a química, pela sua vocação
natural, tem estreita relação com
meio ambiente, novas alternativas de
energia, saúde humana e ensino
fundamental e médio”, explica.
Para o atual
presidente, Antonio Sálvio Mangrich,
a eleição da professora Vanderlan
tem significado especial e
inteligente. “Pela primeira vez os
eleitores reconhecem o trabalho de
nossas colegas químicas e
prestam-lhe, pelo voto, uma justa
homenagem”, diz Sálvio. O processo
de votação ocorre por meio de uma
urna online. Podem participar
associados efetivos, atualmente em
torno de três mil eleitores.
Atuação - Além de docente
no Instituto de Química, câmpus de
Araraquara e assessora da
pró-reitora de Pesquisa, Vanderlan
da Silva Bolzani coordena o Núcleo
de Bioensaio, Biosíntese e
Ecofisiologia de Produtos Naturais (Nube),
composto por sete pesquisadores
ligados ao IQ. “Este é um dos
primeiros laboratórios acadêmicos do
País a prospectar a biodiversidade
brasileira com o objetivo de
encontrar substâncias de interesse
para as indústrias farmacêuticas e
cosméticas”, assinala.
Vanderlan
lembra que o estímulo para a
formação do Nube foi dado com o
Projeto Biota da Fapesp (Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo), cujo objetivo é realizar o
mapeamento botânico da
biodiversidade paulista. Segundo a
pesquisadora, em sete anos o Núcleo
catalogou mais de 700 espécies —
entre as oito mil de todo o Estado —
e preparou 1,5 mil extratos que
podem ser utilizados na manipulação
de antioxidante, antitumoral,
antifungíco e antiinflamatório.
Entre esses
extratos, ainda de acordo com a
docente, dois estão sendo testados
como protótipos para a indústria de
cosméticos. “Atualmente essas
pesquisas estão em processo de
licenciamento entre a Unesp,
a Universidade Federal do Rio de
Janeiro (UFRJ) e uma indústria
cosmética”, diz.
Enquanto o
Nube realiza o estudo fitoquímico,
no Lassbio (Laboratório de Avaliação
e Síntese de Substâncias Bioativas)
da Faculdade de Farmácia da UFRJ são
realizados os ensaios
farmacológicos. “Os estudos de
identificação de plantas são
importantes para a preservação da
biodiversidade”, assinala.
Para Vanderlan,
ao identificar o potencial de cada
espécie e sua importância no
ecossistema, os governos acabam
tomando medidas de cultivo, manejo e
enriquecimento da espécie, a exemplo
do Programa Biota. |