Caros colegas,
A Assembléia Geral dos Estudantes da Unicamp aprovou hoje (26/06) o
documento proposto pela comissão de mediação (segue abaixo), entendendo
este documento como um primeiro passo para que se inicie a negociação
entre a reitoria e os estudantes de sua pauta completa de
reivindicações, negociação esta que deve se iniciar assim que houver a
desocupação do prédio da DAC. A assembléia deliberou também que amanhã
deve ocorrer no PB às 17h30 uma nova Assembléia Geral dos Estudantes que
tem como indicativo a desocupação do prédio da DAC
mediante a assinatura do documento por parte da reitoria.
Amanhã, às 10h, a comissão de mediação, composta pelos professores e
funcionários que assinam esta carta, farão uma reunião com o reitor.
Vamos aguardar o resultado desta reunião e convidamos a todos a estarem
presentes na assembléia amanhã.
Carta-Proposta
Pela manutenção da luta em defesa da Universidade pública, gratuita e
de qualidade.
Em um quadro marcado por grave crise nas Universidades Públicas
paulistas, particularmente em face de possibilidade de inaceitável uso
de força policial para pôr fim à ocupação do prédio da DAC, foi proposta
a interveniência de uma Comissão de Mediação na perspectiva de construir
uma alternativa negociada para o impasse instalado.
Nessa direção, membros da Comissão de Negociação do Movimento
Estudantil, juntamente com os diretores da FE e do IFCH e mais
representantes da ADUNICAMP e do STU, reuniram-se nos dias 21 e 22
passados com uma Comissão da Reitoria com a finalidade de esclarecer
pontos importantes da pauta de reivindicações dos estudantes.
A partir dessas reuniões, chegou-se a estabelecer um conjunto de
propostas que apontam para a continuidade da luta em defesa da
universidade pública, gratuita e de qualidade, em sua autonomia e em seu
aprimoramento institucional interno, ao mesmo tempo em que se busca
apresentar para a assembléia estudantil desta segunda-feira, dia
25/06/2007, as propostas abaixo que podem justificar a proclamação de
uma trégua entre as partes em confronto, possibilitando a retomada das
negociações pela reitoria e uma possível desocupação da DAC.
Resumo das propostas
1. Contratação de Docentes e Funcionários
Propõe-se a criação de um GT paritário, por unidade, com a participação
de representantes dos três segmentos da universidade, para ampla
discussão da política de contratação de docentes e funcionários, bem
como da terceirização de serviços, levando-se em conta as
especificidades de cada área.
Também se propõe que o assunto seja discutido no âmbito das Congregações
das unidades, lembrando-se que o mesmo já faz parte da pauta de
negociação das reuniões do Fórum das Seis com o Cruesp.
A Comissão de Mediação ficará responsável por estimular a inclusão do
assunto nas várias instâncias da vida institucional, discutindo a
proposta com diretores de unidades, com as comissões institucionais e
com as entidades representativas da comunidade universitária. Os
estudantes participarão das discussões nas várias instâncias através de
seus representantes formais (Congregações, Fórum das Seis, etc.).
2. Moradia
A questão da moradia vem sendo discutida e encaminhada entre a reitoria
e os estudantes, com base no acordo firmado em março de 2007. As partes
reiteram sua disposição em cumprir plenamente este acordo, elaborando um
novo cronograma de obras e a implementação do estudo para se alcançar as
1500 vagas previstas para a Moradia Estudantil. A Comissão de Mediação
dispõe-se ao acompanhamento desse processo.
Quanto a novos problemas na moradia, como por exemplo, os do Bloco C, a
reitoria reafirma que as 934 vagas atuais permanecerão asseguradas aos
estudantes, e garante a aplicação do mecanismo de locação de
residências, no caso em que seja necessária sua remoção temporária.
3. Punições
Defendemos que os atos praticados no exercício de greve e nos protestos,
como a ocupação da DAC, não devem resultar em punição de estudantes,
funcionários ou professores, em especial quando se constituírem em atos
de manifestação própria e característica do movimento sindical e
estudantil.
Propõe-se que a Comissão de Mediação acompanhe o processo administrativo
aberto referente a ocupação da DAC. Esse acompanhamento por parte da
Comissão de Mediação será feito, assim como gestões junto à reitoria, no
sentido de evitar punições aos estudantes, bem como a funcionários e
docentes participantes do movimento grevista.
4. Garantia do patrimônio público da DAC
Propõe-se que uma comissão composta por um representante dos
funcionários da DAC, da reitoria, dos estudantes e da comissão de
mediação averigúe, no ato da desocupação, as perfeitas condições físicas
da DAC e seus patrimônios.
5. Comissão de Mediação
A Comissão de Mediação, signatária do presente instrumento, será
constituída para estimular e acompanhar a plena realização dos
compromissos indicados na presente carta-documento, assim como para agir
conforme o indicado no item sobre eventuais punições.
6. SOS Universidade pública, gratuita e de qualidade
Considerando os esforços de estudantes, funcionários e docentes de
fazerem do diálogo, e não do confronto, instrumento principal de
equilíbrio momentâneo na correlação de forças entre os distintos
segmentos, de tecerem resistência e luta, o presente manifesto conclama
todas as partes a construir, em unidade, estratégias e táticas que
possam recolocar o foco central da luta nas medidas governamentais que
ameaçam a autonomia incondicional que toda a universidade pública deve
ter.
Pensamos que a luta em defesa do ensino superior público é da máxima
importância e, por isto, julgamos ser indispensável prosseguirmos unidos
nessa luta comum. Acreditamos que é preciso, então, concentrar esforços
em alvos precisos e evitar toda forma de dispersão. Caso contrário,
correremos o risco de conduzir nosso movimento ao vazio.
É necessário que sejam estabelecidas, sem mais demora, as negociações
entre estudantes e reitoria e, também, entre o Cruesp e o Fórum das
Seis. É com esta expectativa que apresentamos as propostas nesta
Carta-Proposta.
Ultrapassando possíveis divergências pontuais, é fundamental que as
forças vivas e atuantes da universidade se articulem num amplo movimento
em defesa da universidade pública, gratuita, autônoma e de qualidade –
este bem poderia ser denominado de SOS Universidade pública, gratuita e
de qualidade.
Propõe-se, para tanto, a criação de um "Fórum em Defesa da
Universidade Pública", implementado por um GT que encaminhe a
discussão de temas importantes para a defesa da universidade pública,
gratuita, autônoma e de qualidade. Propõe-se que esse GT seja composto
por representantes indicados pelas entidades representativas das três
categorias – ADunicamp, STU e DCE – e realize uma série de ações no 2º
semestre deste ano, entre elas:
a) promoção de um ciclo de estudos, debates e mesas-redondas, com ampla
participação de todos os segmentos da universidade, sobre os seguintes
temas: autonomia universitária, decretos do governador e Secretaria de
Ensino Superior; modelos de universidade; reordenamento da educação
superior e do sistema de ciência e tecnologia do Estado de S.Paulo;
financiamento das universidades públicas; e outros temas;
b) inserção dessas discussões no Fórum das Seis e na pauta de discussão
com o Cruesp; bem como na pauta dos órgãos colegiados superiores da
Unicamp, em especial o Consu.
Cidade Universitária Zeferino Vaz, 25 de junho de 2007.
Prof. Valério José Arantes (Adunicamp)
Prof. Edmundo Fernandes Dias (Adunicamp)
João Raimundo Mendonça de Souza (STU)
Mário Martins (Funcionário da Unicamp)
Prof. Arley Ramos Moreno (Diretor do IFCH)
Prof. Jorge Megid Neto (Diretor da FE)
Prof. José Claudinei Lombardi (FE)
Prof. Mario Antonio Gneri (IMECC)