Institucional - 29.05.08
Cruesp mantém proposta de reajuste salarial
Na segunda reunião de negociação sobre a data-base dos servidores das universidades públicas de São Paulo, realizada no final da manhã desta quinta-feira (29) na Reitoria da Unesp, no Centro da capital, novamente não houve acordo quanto à incorporação da parcela fixa de R$ 200,00 aos salários, reivindicada pelas categorias. Na primeira reunião, no último dia 15, os reitores anunciaram um reajuste de 6,51% sobre os vencimentos de maio de 2008.

Para o Fórum das Seis, que reúne os sindicatos de docentes e servidores da USP, Unesp, Unicamp e Centro Paula Souza, os reitores estão deixando de cumprir uma das propostas feitas na negociação do ano passado, que previa a destinação de parte dos recursos adicionais de arrecadação do ICMS para o pagamento da parcela fixa.

“Os reitores continuam se mantendo firmes em não pagar os R$ 200,00, mesmo tendo dinheiro e diante de todos os argumentos que estamos colocando”, diz o presidente da Associação dos Docentes da Unicamp e coordenador do Fórum das Seis, Valério José Arantes. O professor salienta que a entidade está inclusive analisando a possibilidade de ingressar com ação judicial alegando assédio moral por parte dos reitores por “quebra de compromisso moral na relação entre chefes e subordinados”.

Oportunidade dupla
Para Marcos Macari, reitor da Unesp e presidente do Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), a parcela fixa não deve ser incorporada aos salários porque “o Cruesp entende que não deve mudar a forma de negociação, que é histórica e permitiu neste ano que a gente vá atingindo metas quando do dissídio”. O reitor diz esperar que a recomposição salarial tenha seqüência nos próximos anos “face ao crescimento econômico sustentado” do País.

Macari afirma que o eventual superávit no orçamento das universidades não deve ser destinado apenas a reajustes. “Respeitamos a premissa da recomposição salarial, mas reconhecemos também que não podemos deixar de considerar os investimentos nas demandas sociais”, diz.

Para o reitor, as universidades no momento têm a oportunidade dupla de “atingir índices de reajuste que o Fórum das Seis sempre almejou” e de, com menor comprometimento com a folha, investir mais “para atender aquilo que a sociedade tanto espera de nós, seja na melhoria da qualidade dos cursos e da infra-estrutura, seja na ampliação de vagas e aprimoramento da extensão universitária”.

Estava prevista ainda a discussão sobre políticas de assistência estudantil, mas o item não entrou na pauta porque a reunião começou com quase uma hora de atraso e os reitores alegaram outros compromissos para a tarde. Novo encontro entre Cruesp e Fórum das Seis deve ser marcado para junho.

Fim do piquete na Reitoria
O piquete em frente ao prédio da Reitoria da USP foi encerrado no final da manhã desta quinta-feira. Os estudantes que faziam a manifestação desde as primeiras horas de terça (27) deixaram o local para acompanhar o ato público em frente à Reitoria da Unesp durante a negociação entre o Cruesp e o Fórum das Seis.

Em reunião extraordinária na noite da quarta-feira (28), o Conselho Universitário da USP havia aprovado parecer da sua Comissão de Legislação e Recursos reiterando “a solicitação de desobstrução forçada dos acessos ao prédio da Reitoria, caso não haja liberação, até as 18h do dia 29 de maio próximo”. A decisão previa ainda que seriam tomadas as “medidas judiciais cabíveis (inclusive reintegração de posse), com pedido de liminar”, se a desobstrução não se concretizasse. Para o vice-reitor da USP, Franco Lajolo, que representou a reitora Suely Vilela na reunião do Cruesp com o Fórum das Seis, o piquete “foi uma atitude desnecessária, porque a USP sempre manteve o diálogo”.

A respeito da reivindicação de uma nova data para a realização do V Congresso da USP, que estava previsto para esta semana e acabou não sendo instalado, o vice-reitor afirmou que ainda “não houve nenhuma consideração”, porque “tudo estava associado à questão do piquete, que era um problema que precisava ser resolvido”. “Daqui para a frente possivelmente se farão reuniões e discussões” a respeito, completou.