O Diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP (Universidade de São Paulo), Magno de Carvalho, afirma por meio de um texto, que o reitor João Grandino Rodas "busca respaldo político para tentar destruir a organização sindical dos trabalhadores e seus dirigentes".

Os funcionários estão paralisados desde 5 de maio por um reajuste de 6%, dado aos professores no início do ano. Em 8 de junho, eles invadiram a reitoria da universidade quebrando portas em protesto contra o corte de salários de mil servidores. Antes disso, já realizavam piquetes no prédio, impedindo a entrada de trabalhadores.

O sindicalista rebate as críticas à falta de representatividade do movimento: "Falar em baixa representatividade diante de um reitor indicado por um governador que desrespeitou o próprio resultado da eleição realizada pela burocracia acadêmica é ridículo", afirma.

Leia a íntegra do texto:

João Grandino Rodas, num debate enquanto candidato a reitor da USP realizado na ECA (Escola de Comunicação e Artes), respondendo à pergunta de um funcionário sobre como seria sua relação como reitor com o sindicato dos trabalhadores, disse: "Como uma briga de galo, quem tiver a espora maior vencerá".

É sabido que nas deploráveis e cruéis brigas de galo, o animal derrotado geralmente sai morto. Fica claro o objetivo de Grandino Rodas com o seu discurso terrorista, como nos 27 minutos da entrevista dada à rádio Bandeirantes, em que nos acusa de ter transformado a USP numa terra de ninguém, num "morro do Rio de Janeiro que pode virar um Haiti".

Rodas busca respaldo político para tentar destruir a organização sindical dos trabalhadores e seus dirigentes.

Rodas fala de violência e da ilegalidade citando portas quebradas após deixar mais de mil trabalhadores e suas famílias sem salário, consequentemente à mercê da fome por exercerem o direito de greve.

Falar em baixa representatividade diante de um reitor indicado por um governador que desrespeitou o próprio resultado da eleição realizada pela burocracia acadêmica, o que não ocorre desde o fim da ditadura militar, é simplesmente ridículo.

É interessante o documento dos reitores citar a luta pela democratização, enquanto os mais velhos dentre nós, sindicalistas hoje do Sintusp, fomos parar nos porões da ditadura, inclusive por tentar organizar os trabalhadores. Não lembramos destes senhores naquele momento da importante luta democrática.

Para concluir, se não temos representatividade, como se explica uma greve na qual, só de duas unidades da administração direta, temos mais de mil trabalhadores com salários cortados, além de centenas de outros de Ribeirão Preto e São Carlos?

A farsa do diálogo de Rodas tenta esconder a sua verdadeira face truculenta, demonstrada quando usou a Tropa de Choque contra estudantes da Faculdade de Direito em uma ocupação simbólica durante a madrugada.

É importante lembrar que a própria Congregação da Faculdade de Direito condenou por unanimidade seu ataque aos trabalhadores ao cortar os salários por estarem em greve.